Justiça condena prefeito e dentista por falta de atendimento a aldeias indígenas
Julia Affonso/Agência EstadoA Promotoria afirma que o dentista recebeu R$ 41 mil dos cofres públicos, entre setembro de 2009 e abril de 2010, mas não prestou os serviços na forma devida. De acordo com o Ministério Público ele não cumpria o contrato com jornada mensal de 20 dias junto às aldeias, firmado com a Prefeitura.
"Realizou apenas uma única visita que durou aproximadamente dois ou três dias, bem como, outros 7 atendimentos na sede do município, conforme apurado em procedimento de investigação preliminar, o que representa apenas 4,2% do contrato total", diz a sentença.
Em depoimento, o cacique Darci Uptobre afirmou que o antigo dentista que atendia a aldeia ficava 15 dias no local. Folgava 10 e ficava de sobreaviso em caso de alguma emergência indígena.
"O dr. Jorge sem qualquer consulta à comunidade indígena (?) referido profissional (Dr. Jorge), desde que foi contratado, esteve na aldeia uma única vez, ficando aproximadamente 3 dias (?) que o dr. Jorge também nunca atendeu os índios na sede do município; que o dr. Jorge não trabalhava no atendimento dos indígenas, dentro ou fora da aldeia (?)", disse o índio.
O prefeito e o dentista deverão ressarcir o erário em R$ 39.278,00. Eles também foram multados e deverão pagar R$ 117.834,00 equivalente a três vezes o valor do dano. Os dois tiveram os direitos políticos suspensos e estão proibidos de contratar com o poder público pelo prazo de 10 anos.
Trata-se de uma decisão de primeira instância. Os réus ainda poderão recorrer. O prefeito e o dentista não foram localizados para comentar a sentença judicial.