23/01/2017 16:43:00 - Atualizado em 24/01/2017 14:53:00

"BeerYoga" vira febre internacional misturando cerveja e ioga, mas será que isso faz bem?

Bruna Baddini/RedeTV!

Foto: Facebook.com/Bieryoga 

Paixão nacional, a cerveja é uma companheira ideal para algumas horas de prazer, como durante uma conversa descontraída com amigos ou mesmo para relaxar depois de um dia cansativo. Mas você já imaginou tomar uma "breja" enquanto pratica ioga? Pois agora é possível, se você estiver na Alemanha ou Austrália. 

Desenvolvida pela professora alemã de ioga Jhula, a nova técnica, batizada "BeerYoga", consiste "no casamento de dois grandes amores, a cerveja e a ioga. Ambos são terapias centenárias para o corpo, mente e alma". Segundo afirmou a própria Jhula em entrevista ao site "Vice", a atividade é perfeita para atrair novos praticantes. "As aulas são uma porta de entrada para as pessoas que não se acham saudáveis. Elas acabam praticando a BeerYoga, se divertem, vivem e comem muito melhor do que antes", opinou. 

Embora não tenha chegado ainda ao Brasil, a nova modalidade foge do tradicional e preocupa até mesmo praticantes menos ortodoxos pela sua característica principal: misturar consumo de álcool com atividade física. 

"Não sou um tradicionalista a ponto de torcer o nariz para as coisas novas que aparecem, contudo misturar ioga com álcool ou drogas é algo que definitivamente não combina. O ioga procura ampliar a sensibilidade apurando os sentidos. Uma das técnicas mais importantes é a meditação e envolve um bocado de concentração. Quem faz ioga geralmente tem dificuldade até mesmo para tomar café, quem dirá algo como álcool", comentou André de Rose, instrutor há mais de três décadas, escritor e conferencista sobre ioga, ao portal da RedeTV!.

Foto: Facebook.com/bieryoga 

De Rose aponta ainda a importância de manter a mente e corpo sóbrios para atingir níveis mais altos de consciência durante o exercício: "Na prática que fazemos está inclusa uma série de técnicas de limpeza e desintoxicação corporal. Essa é justamente uma das grandes preocupações dos praticantes, porque alguns fenômenos só surgem com um corpo consideravelmente limpo. Quem faz ioga está buscando uma vida mais saudável, dificilmente vejo as pessoas buscando esse tipo de prática. Com certeza durante um tempo as pessoas que estão buscando por novidades vão fazer, mas não vejo que será uma tendência. Vai atrair gente que quer se divertir não fazer ioga".

Álcool e prática física

Foto: Pexels

Se para muitos pode parecer tentadora a ideia de juntar o prazer da bebida com a realização de atividades físicas, Rubens Gomes, consultor em treinamento e nutrição aplicada ao esporte e headcoach, aponta para os perigos da mistura. "O álcool tem metabolização hepática e excreção renal. O consumo excessivo pode sobrecarregar fígado e rins diminuindo a capacidade do organismo de assimilar nutrientes importantes, além de alterar o estado de alerta, piorar coordenação motora e reduzir os reflexos do ser humano, podendo diminuir a qualidade de execução dos movimentos de cada modalidade. Para quem quer ainda perder peso, cada grama de álcool tem sete calorias sendo menos calórico apenas do que a gordura pura, uma bomba de energia".

Mas há ainda uma luz no fim do túnel para os amantes de cerveja. Segundo explicou o headcoach ao portal da RedeTV!, a bebida pode ter efeitos fisiológicos positivos se ingerida após a atividade e de maneira moderada. "Alguns novos estudos têm mostrado a efetividade da cerveja se usada moderadamente, como um recuperador pós esforço físico, não causando supressão de enzimas protéicas (o que diminuiria a chance de assimilar proteínas), tampouco a diminuição das taxas de testosterona, o que é comum de ocorrer em pessoas que utilizam o álcool em grande quantidade e por longos períodos de tempo".

"O estudo mostrou ainda que a bebida pode repor eletrólitos após o exercício assim como suplementos, porém o consumo deveria ser limitado a 28g de álcool provindos da cerveja, o que representa duas cervejas long neck", completa Rubens Gomes, que conclui: "Creio que a conclusão deva girar em torno do mais importante fator que nesta história toda não foi citado... o indivíduo, e suas especificidades. 'Para quem?', 'Para que?' e 'O quanto?'. São essas as perguntas que todos devem se fazer antes de adotar qualquer prática física".

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