07/05/2024 20:28:00

Além das enchentes: desastres climáticos podem deixar marcas psicológicas nas vítimas do Rio Grande do Sul

Julia Ogeia com supervisão de Marcelo Fischer/ Redação RedeTV!

Mais do que ajuda humanitária, especialista explica importância de atendimento psicossocial para vítimas da tragédia

(Foto: EFE)

O Rio Grande do Sul vive hoje sua maior tragédia climática. Com 401 dos seus 497 municípios relatando algum problema, as fortes chuvas e temporais que assolam o estado deixaram 95 mortos, 131 desaparecidos e 372 feridos, de acordo com um boletim divulgado pela Defesa Civil na tarde desta terça-feira (7). 

Diante da situação, o governo do estado chegou a decretar estado de calamidade. 207,8 mil pessoas tiveram de abandonar suas casas, dentre as quais 48,8 mil estão em abrigos e 159 mil desalojados.

Visando ajudar as regiões atingidas, instituições privadas e famosos organizaram campanhas de arrecadação de donativos, o governo do estado providenciou espaços para abrigar os desabrigados pelas enchentes e o governo federal liberou recursos para atender às necessidades do Rio Grande do Sul.

No entanto, para além de toda ajuda humanitária, Izabella Melo, professora de Psicologia do Centro Universitário de Brasília (CEUB), reforça que também é importante que as vítimas das enchentes recebam apoio psicossocial.

"O impacto emocional causado por desastres naturais nas famílias difere de outras formas de trauma principalmente devido à sua natureza imprevisível. Enquanto eventos de transição familiar, como a entrada dos filhos na adolescência, podem ser estressantes, desastres naturais são considerados estressores verticais, trazendo uma imprevisibilidade que aumenta os sintomas ansiosos e depressivos, podendo desencadear outros transtornos psicológicos", explicou a especialista.

É importante que os afetados tenham uma rede de apoio e que essas pessoas estejam atentas aos sinais de alerta de que algo não vai bem. Segundo a docente, é comum que as vítimas de desastres naturais apresentem sintomas de depressão e ansiedade, mas, caso eles persistam por longos períodos, é necessário que essa pessoa busque suporte psicológico. 

O processo de recuperação após um desastre natural é diferente para cada pessoa atingida por ele, sendo influenciado por variáveis econômicas, ambientais, políticas e psicológicas. Contudo, a velocidade do auxílio pode ditar como esse processo ocorrerá. 

"Uma resposta imediata e adequada por parte das autoridades pode reduzir os sintomas depressivos e ansiosos, enquanto uma resposta tardia ou insuficiente pode agravar o impacto psicológico. A qualidade da rede de apoio, tanto de serviços quanto comunitária, também influencia na recuperação das famílias", pontua Izabella.

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