Siameses são separados após 14 horas de cirurgia em Goiânia
Marília Assunção, especial para Agência EstadoEles também nasceram com três pernas, sendo uma delas malformada. Com a separação, ficaram com uma perna cada e a terceira foi aproveitada para a recomposição de outras áreas dos corpos.
Mesmo apreensivos, a mãe, Eliana Ledo Rocha Brandão, e o pai, Delson Brandão, permaneceram confiantes no sucesso da cirurgia. Eles divulgaram um vídeo que fizeram com os meninos agradecendo a torcida feita pelas redes sociais. Os gêmeos já aprenderam a ler e escrever, ensinados pela mãe, que é professora.
A cirurgia começou às 10h30 de terça-feira, 24. Heitor saiu do centro cirúrgico à 1h20 e Arthur, à 1h50 de quarta-feira, 25. Da sala, eles foram encaminhados para a Unidade de Terapia Intensiva (UTI), onde permanecerão internados, sem previsão de alta.
Embora tenha durado mais de quatro horas acima da previsão inicial, que era de dez horas de cirurgia, de acordo com o diretor técnico do HMI, Gustavo Meneguelli, a operação ocorreu conforme o planejado e sem nenhuma complicação.
Segundo o boletim médico, divulgado às 17h30 de quarta-feira, o estado de saúde dos irmãos é grave e eles respiram com a ajuda de aparelhos.
Liderada pelo cirurgião pediátrico Zacharias Calil, a complexa cirurgia mobilizou cirurgiões pediátricos, anestesistas, ortopedistas, médicos intensivistas, cirurgiões plásticos, cirurgiões vasculares, pediatras, biomédicos, enfermeiros, técnicos de enfermagem, nefrologista, cardiologista, entre outros. Após concluir os procedimentos cirúrgicos, Calil disse que os próximos dias serão cruciais para a chamada "etapa clínica".
Preparação
Com cinco anos de duração, foi uma das mais longas preparações para esse tipo de procedimento, no qual a unidade é referência. A família dos meninos se mudou de Riacho do Santana, no interior da Bahia, para Goiás desde que descobriu, ainda na gestação, que se tratava de gêmeos siameses. Os meninos vivem em Goiânia desde o parto no HMI, em abril de 2009. Durante esse período, passaram por oito cirurgias para colocação de expansores de pele.
Referência em casos de média e alta complexidade, a equipe médica já acompanhou 28 casos de siameses e fez 12 cirurgias de separação. Segundo a Secretaria Estadual de Saúde, o hospital é o único do SUS apto para realizar a separação de siameses.