Ilustradora reúne depoimentos e retrata mulheres em projeto por aceitação
Redação RedeTV!(Foto: Reprodução/Facebook/Outras Meninas)
A ilustradora Manu Cunhas, que vive em Florianópolis (SC), está retratando todas as formas da beleza feminina e a maneira como mulheres (de todas as idades, corpos e vidas) se relacionam com o próprio corpo em um projeto intitulado "Outras Meninas".
Mais de 50 mulheres participaram, enviando depoimentos anônimos sobre a aceitação do próprio corpo e uma foto nua, usada como base para as ilustrações aquareladas - veja alguns relatos abaixo.
Com meta de R$ 32 mil, a campanha de arrecadação no Catarse já foi apoiada por 140 pessoas que, juntas, doaram mais de R$ 8 mil.
“Eu sou uma pessoa ansiosa, muito ansiosa. Tem gente que come por ansiedade, no meu caso eu paro de comer - o que me faz emagrecer ainda mais de tempos e tempos. Várias amigas falam como isso é legal "queria eu parar de comer nessas horas”, mas sério gente, não é legal. As pessoas me olham como seu estivesse doente e sempre falando como eu seria mais bonita se ganhasse uns quilinhos. Minha saúde é frágil, minha pele é seca e eu vivo perdendo cabelo. Me sinto bem comigo mesma de uma maneira geral, mas facilmente eu emagreço um pouquinho - o que já é notável para todos, e começam aqueles infelizes comentários. Sei que é um problema a ser trabalhado, mas me sentiria menos ansiosa se eu não tivesse o povo controlando cada grama que perco ou ganho".
"Eu tinha 14 anos, 1 metro e 59 centímetros e 56kg. Embora tudo em mim fosse normal, eu me achava uma aberração. Resultado: perdi 14kg em 3 meses. Hoje, 6 anos depois e com 16kg a mais, deixei de brigar com a balança, com os chocolates, com a celulite e com as gordurinhas. Há brigas maiores para se carregar nas costas. Aliás, dizem que meu comportamento em relação aos padrões de beleza midiáticos é muito agressivo. "Que bom, obrigada"".
"Ficar com garotas me fez perceber a beleza feminina de uma forma diferente. Não esteticamente perfeita, como os modelos impossíveis que tentamos seguir, mas cheia de peculiaridades, marcas, nuances, que fazem cada mulher única e incrível de se descobrir. E quem diria que, conhecendo o outro, estaria conhecendo melhor a mim mesma? A beleza das pessoas está além da casca."
"Sempre fiquei naquele meio do nem gorda, nem magra - e isso é terrível, porque não "existe" roupa feita pra nós. Tenho coxa grossa mas não tenho peito, tenho um rosto agradável mas tenho dobras na barriga... A saia no joelho nos achata, e a saia curta deixa as coxas mais grossas. Enfim, ninguém pensou na gente quando criou o "padrão de tamanho de roupas", muito menos o "padrão de beleza".
"Eu sou bastante abordada pela minha aparência peculiar. Sempre gostei de ser diferente, acho que isso é uma coisa meio boba da nossa juventude. No final você só vai encontrar um monte de gente diferente igual a você. Se vestir, se tatuar, enfim, modificar o corpo, faz ele ser um reflexo do que há por dentro, acho isso muito importante. Eu tenho aqui tatuado várias coisas bonitas e várias feias, assim como minha vida é repleta de altos e baixos. A gente envelhece e tudo vai caindo, perdendo o vigor, começa a ficar mais difícil para o corpo, mas deveria ficar mais fácil para a mente".