Lula sabia de corrupção na Petrobras desde 2007, diz Palocci
Redação/RedeTV!(Foto: ABr)
Em delação premiada, o ex-ministro do PT Antonio Palocci afirmou que o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva tinha conhecimento, desde 2007, dos esquemas de corrupção na Petrobras. Parte do documento foi divulgado nesta segunda-feira (1º) - veja a íntegra abaixo - após o juiz federal Sérgio Moro derrubar o sigilo do acordo.
De acordo com depoimento do ex-ministro à Polícia Federal, o ex-presidente, que está preso em Curitiba desde abril, sabia dos esquemas de corrupção da estatal, mas fingia indignação toda vez que alguma denúncia de ato ilícito chegava até ele.
"Era comum Lula, em ambientes restritos, reclamar e até esbravejar sobre assuntos ilícitos que chegavam a ele e que tinham ocorrido por sua decisão e que a intenção de Lula era clara no sentido de testar os interlocutores sobre seu grau de conhecimento e o impacto de sua negativa", aponta a delação.
Palocci relembra que, em fevereiro de 2007, após a reeleição, o ex-presidente o chamou para questionar sobre acusações envolvendo Renato Duque e Paulo Roberto Costa - ambos condenados na Lava Jato.
"Em fevereiro de 2007, logo após sua reeleição, Luiz Inácio Lula da Silva convocou o colaborador [Palocci], à época deputado federal, ao Palácio da Alvorada, em ambiente reservado no primeiro andar, para, bastante irritado, dizer que havia tido ciência de que os diretores da Petrobras Renato Duque e Paulo Roberto Costa estavam envolvidos em diversos crimes no âmbito das suas diretorias; que Lula indagou ao colaborador se aquilo era verdade, tendo respondido afirmativamente", diz um trecho do documento.
Apesar da confirmação, os dois diretores seguiram nos cargos e só deixaram a estatal em 2012, durante o governo de Dilma Rousseff. Portanto, para Palocci, Lula só falou daquele assunto para testar se ele acreditaria na versão de que ex-presidente não sabia de nada.
A delação
No despacho, o juiz Moro, que é responsável pelos processos da Lava Jato em primeira instância, afirmou que "examinando o seu conteúdo, não vislumbra riscos às investigações em outorgar-lhe publicidade" - ou seja, acredita que a divulgação da delação não afetará a apuração do caso.
Além das informações do depoimento, prestado em 13 de abril, também foram divulgados os benefícios acertados pelo ex-ministro no acordo de delação: multa de R$ 35 milhões e redução de 2/3 da pena.
Veja a íntegra do documento:
Outro lado
Em nota a defesa do ex-presidente disse que Palocci "mentiu mais uma vez, sem apresentar nenhuma prova", e afirmou que a divulgação autorizada por Moro "apenas reforça o caráter político dos processos" contra Lula.
Leia a íntegra da defesa:
A conduta adotada hoje pelo juiz Sérgio Moro na Ação Penal nº 5063130-17.2016.4.04.7000 apenas reforça o caráter político dos processos e da condenação injusta imposta ao ex-presidente Lula.
Moro juntou ao processo, por iniciativa própria (“de ofício”), depoimento prestado pelo Sr. Antônio Palocci na condição de delator com o nítido objetivo de tentar causar efeitos políticos para Lula e seus aliados, até porque o próprio juiz reconhece que não poderá levar tal depoimento em consideração no julgamento da ação penal. Soma-se a isso o fato de que a delação foi recusada pelo Ministério Público. Além disso, a hipótese acusatória foi destruída pelas provas constituídas nos autos, inclusive por laudos periciais.
Palocci, por seu turno, mentiu mais uma vez, sem apresentar nenhuma prova, sobre Lula para obter generosos benefícios que vão da redução substancial de sua pena – 2/3 com a possibilidade de “perdão judicial” – e da manutenção de parte substancial dos valores encontrados em suas contas bancárias.