Campanha de reeleição de Dilma custou R$ 800 milhões, diz Palocci
Redação/RedeTV!Dilma e Palocci (Foto: ABr)
Em delação premiada, o ex-ministro do PT Antonio Palocci afirmou que a campanha à reeleição de Dilma Rousseff, em 2014, custou R$ 800 milhões e que a maior parte era dinheiro ilícito - veja o documento na íntegra.
O valor informado por ele é mais do que o dobro que o partido declarou oficialmente na época - R$ 350 milhões. Segundo o ex-ministro, pelo menos R$ 400 milhões foram obtidos de forma ilícita - principalmente com relação de empresas por contratos obtidos com a Petrobras.
Na sequência, Palocci estima que as campanhas do partido para eleger Dilma, em 2010 e 2014, custaram "aproximadamente, 600 e 800 milhões de reais, respectivamente".
Além disso, o ex-ministro relatou um suposto esquema de indicações para cargos na estatal durante o governo Lula. O ex-ministro, que está preso desde setembro de 2016, ainda detalhou mecanismos de corrupção que incluem partidos aliados do PT.
A delação
No despacho, o juiz Moro, que é responsável pelos processos da Lava Jato em primeira instância, afirmou que "examinando o seu conteúdo, não vislumbra riscos às investigações em outorgar-lhe publicidade" - ou seja, acredita que a divulgação da delação não afetará a apuração do caso.
Além das informações do depoimento, prestado em 13 de abril, também foram divulgados os benefícios acertados pelo ex-ministro no acordo de delação: multa de R$ 35 milhões e redução de 2/3 da pena.
Outro lado
Em nota, a assessoria de imprensa da ex-presidente desqualificou as acusações dizendo que já foram rejeitadas Ministério Público Federal (MPF) e tratam-se de uma mentira para obter benefícios na pena. "É estarrecedor, portanto, que uma delação não aceita pelo Ministério Público, e suspensa por um juiz de segunda instância, seja acolhida e tenha tido seu sigilo quebrado por um juiz de primeira instância".
O comunicado ainda critica o momento escolhido para divulgar o conteúdo da delação premiada: "Sobretudo, neste momento em que o povo brasileiro se prepara para eleger o presidente da República, governadores, senadores, deputados federais e deputados estaduais".
Veja a íntegra do documento:
Outro lado
Em nota a defesa do ex-presidente disse que Palocci "mentiu mais uma vez, sem apresentar nenhuma prova", e afirmou que a divulgação autorizada por Moro "apenas reforça o caráter político dos processos" contra Lula.
Leia a íntegra da defesa:
A conduta adotada hoje pelo juiz Sérgio Moro na Ação Penal nº 5063130-17.2016.4.04.7000 apenas reforça o caráter político dos processos e da condenação injusta imposta ao ex-presidente Lula.
Moro juntou ao processo, por iniciativa própria (“de ofício”), depoimento prestado pelo Sr. Antônio Palocci na condição de delator com o nítido objetivo de tentar causar efeitos políticos para Lula e seus aliados, até porque o próprio juiz reconhece que não poderá levar tal depoimento em consideração no julgamento da ação penal. Soma-se a isso o fato de que a delação foi recusada pelo Ministério Público. Além disso, a hipótese acusatória foi destruída pelas provas constituídas nos autos, inclusive por laudos periciais.
Palocci, por seu turno, mentiu mais uma vez, sem apresentar nenhuma prova, sobre Lula para obter generosos benefícios que vão da redução substancial de sua pena – 2/3 com a possibilidade de “perdão judicial” – e da manutenção de parte substancial dos valores encontrados em suas contas bancárias.