07/04/2016 10:28:00 - Atualizado em 07/04/2016 10:35:00

Mulher anula casamentos forçados e devolve meninas à escola no Malawi

Redação RedeTV!

A ativista Theresa Kachindamoto (Foto: Reprodução/Al Jazeera)

Cansada de ver meninas de 12 anos carregando seus bebês por aí, Theresa Kachindamoto, a líder do distrito de Dedza, no Malawi, criou um projeto de lei que, nos últimos três anos, levou a anulação de mais de 850 casamentos forçados e devolveu as meninas à escola. 

Em 2012, dados das Nações Unidas mostraram que mais da metade das garotas do país se casavam antes dos 18 anos, o que deixava o país na 8ª posição entre os 20 países com maior número de casamentos forçado em todo o mundo. 

Como o Malawi ainda tem um baixo Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) e a região é muito pobre, muitas vezes as famílias arranjam casamentos para as meninas com o objetivo de aliviar as contas da casa. 

Por esse motivo, convencer os responsáveis pelas meninas é ainda mais complicado, e Theresa decidiu ir além para preservar os direitos e mantê-las na escola: criou um acordo, assinado por 50 sub-líderes da região, para abolir esse tipo de união e anular os casamentos já existentes. "No começou foi difícil, mas agora as pessoas já estão entendendo", explica ela em entrevista à Al Jazeera.

O próximo passo de Theresa também é importante para a sua comunidade. Ela está pedindo ao parlamento que institua a maioridade de 18 anos para casamentos - uma tentativa de quebrar o ciclo de pobreza que, nos últimos anos, tem piorado devido a inundações e secas.

Devido ao seu esforço para ajudar as meninas do país, frequentemente vítimas de abuso sexual dentro de casa por conta de fatores culturais, Theresa já chegou a ser ameaçada de morte por outros políticos, que são contrários às suas políticas públicas. 

Apesar das ameaças, Theresa afirma que continuará lutando enquanto estiver viva para que as meninas possam ir à escola e, assim, tenham a liberdade de decidir o que fazer da própria vida. "Se elas forem educadas, elas podem ser e ter o que quiserem", defende. 

Theresa ao lado de placa que pede fim da violência contra mulheres e meninas (Foto: Divulgação/UN Women)

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