08/11/2020 11:19:00 - Atualizado em 08/11/2020 12:14:00

Em 1º discurso, Biden prega união e diz que vitória "foi clara"

ANSA

Presidente eleito falou que governará para todos os americanos

(Foto: AP Photo/Andrew Harnik)

O presidente eleito dos Estados Unidos, Joe Biden, afirmou na noite de sábado (7) que os norte-americanos "deram uma vitória muito clara" a ele e a sua vice, Kamala Harris, e que fará um governo para todos os americanos. O discurso foi ovacionado do início ao fim.

"As pessoas dessa nação se fizeram ouvir e nos deram uma clara vitória, uma vitória convincente. Deram o maior número de votos já dados na história dessa nação, 74 milhões. Isso me surpreendeu, de ver hoje por todas as partes do país, uma explosão, de alegria, de fé renovada em um amanhã melhor", afirmou na abertura do discurso.

Biden afirmou que será um presidente "que quer unir e não dividir" e que "não vê estados como vermelhos ou azuis", referindo-se às cores dos partidos republicano e democrata.

"Eu terei a honra de servir com a fantástica vice Kamala Harris, que faz história nesse cargo. Não me digam que algo não é possível nos EUA", afirmou ainda referindo-se a sua parceira de chapa. O novo presidente lembrou que venceu as eleições por causa de uma "ampla coalizão" que uniu democratas, republicanos, membros de minorias e maiorias por toda a nação.

"Quem votou no Trump, eu entendo a sua decepção. Eu perdi algumas vezes também. Mas, vamos dar uma chance, vamos baixar a temperatura, vamos ouvir um ao outro. Para fazer isso, é preciso ouvir os adversários porque os outros não são seus inimigos, são americanos. A Bíblia nos disse que há o tempo de plantar, de semear, de colher e também o tempo de curar. E esse é o tempo de curar", acrescentou.

Dizendo que "os americanos nos chamaram" porque "temos a batalha do nosso tempo" por conta da pandemia do coronavírus, Biden prometeu lutar "a batalha de cuidar da saúde da sua família, a batalha de acabar com o racismo sistêmico, do planeta".

"Nosso trabalho começa hoje para ter o Covid sob o controle. Não podemos ter a economia restaurada, se não tivermos isso sob o controle. Na segunda-feira, já vou criar um grupo de cientistas para ter um plano já para o dia 21 de janeiro contra o Covid. Esse plano vai reconstruir a base da nossa ciência. Não vou economizar nada para derrotar essa pandemia", adicionou ainda.

"Eu sou um democrata orgulhoso, mas vou trabalhar como um presidente americano. Vamos acabar com a demonização dos Estados Unidos, acabar com a recusa de democratas e republicanos de trabalhar juntos porque isso é uma escolha. E se podemos escolher não cooperar, podemos também escolher cooperar. Faço um apelo ao Congresso para que façam essa escolha comigo. Muitos sonhos foram adiados por muito tempo e precisamos fazer a promessa desse país valer para todos não importando sua etnia, raça, religião", pontuou ainda.

Imitando a longa história de presidentes democratas, Biden afirmou que o país está em um momento de "inflexão", como ocorreu em outros momentos, e que agora "temos a oportunidade de derrotar o desespero".

"Eu falei muito sobre a alma dos EUA e nós podemos reconstruir a alma dos EUA. O que o presidente diz nessa matéria importa. Hoje o mundo está olhando para os EUA e os EUA sempre foram um farol para o mundo. Nós vamos liderar pelo exemplo", acrescentou ainda.

"Dá para definir a América em uma palavra: oportunidade. Todo mundo deve poder seguir o seu sonho. Olhamos por uma América mais justa, com empregos com respeito, que cura doenças como câncer e Alzheimer, que nunca deixa ninguém para trás. É uma grande nação. Nunca houve nada que não fossemos capazes de fazer quando fizemos juntos", disse ainda sob muitos aplausos.

Ao fim da sua fala, Biden lembrou os mais de 230 mil mortos pela pandemia de Covid-19 no país e fez uma oração. O show dos democratas terminou com uma queima de fogos de artifício e uma aparição de drones que escreviam palavras apoiando Biden.

O discurso do novo presidente foi realizado na cidade natal de Biden, Wilmington, em Delaware - onde o democrata reside desde criança, e contou com a presença da vice-presidente eleita, a atual senadora pela Califórnia, Kamala Harris.

Discurso da vice

Em sua fala, Harris - primeira mulher, primeira negra e primeira pessoa com ascendência asiática a assumir o cargo - lembrou do congressista e ativista pelos direitos humanos, John Lewis, morto recentemente.

"O congressista John Lewis, antes de morrer, disse que a democracia não é um estado, é um ato. E o que ele quis disser com isso é que a democracia norte-americana não está garantida. [...] Quando a nossa democracia esteve em risco, com o mundo observando, vocês asseguraram um novo dia para os Estados Unidos", afirmou Harris, aproveitando para agradecer aos voluntários "por tornarem a vitória possível" e "criarem um futuro melhor".

A nova vice-presidente afirmou que as pessoas que trabalharam na contagem "de cada voto" conseguiram "proteger a democracia".

"Por quatro anos, vocês marcharam pelas vidas, pela justiça, pelo nosso planeta. E depois, vocês votaram e enviaram uma mensagem clara: escolheram a esperança, a decência, a ciência e, sim, a verdade", disse ainda, afirmando que "Joe é uma pessoa que cura, que une, que dá a nação um senso de propósito como nação".

Harris ainda elogiou e agradeceu o apoio da família ao longo de sua vida, lembrando a história de imigração de seus pais, e usou boa parte de sua fala para elogiar as "mulheres do passado e as do futuro, que estão lutando" por um mundo melhor. "Kamala é a primeira nesse posto, mas eu tenho certeza que não será a última", afirmou ovacionada.

"E para o povo americano, não importa em quem vocês votaram: eu vou tentar ser uma vice-presidente como Joe foi para Barack Obama, sendo leal e honesta. Temos muito trabalho pela frente. Precisamos acabar com a pandemia, recuperar nossa economia, acabar com o racismo sistêmico e ajudar o planeta. Os EUA estão prontos e também estamos Joe e eu", acrescentou.

Vitória

Apesar da contagem de votos ainda estar em andamento em seis estados, Biden já obteve 279 delegados contra 214 de Trump. Para se eleger, um candidato precisa ter 270 grandes eleitores. Projeções apontam que o democrata deva obter mais de 300 delegados.

O republicano, por sua vez, se nega a aceitar a derrota e informou que irá lutar judicialmente contra o que chama de votos "ilegais" - votos que teriam chegado por correios após o prazo final das eleições de 3 de novembro - e contra as "fraudes" da votação.

No entanto, a Comissão Nacional Eleitoral se manifestou publicamente dizendo que "não há evidências de fraudes de nenhum tipo" durante o pleito. A falta de reconhecimento do republicano não interfere em nada o processo eleitoral.

Retomada de acordos internacionais

Segundo o jornal "The Washington Post", o presidente eleito irá assinar uma série de decretos assim que assumir o cargo de fato, em 20 de janeiro, revertendo inúmeras ações de Trump.

Biden recolocará os Estados Unidos no Acordo de Paris sobre mudanças climáticas, no acordo nuclear firmado entre o Conselho de Segurança da ONU e a Alemanha com o Irã e na Organização Mundial da Saúde (OMS).

Nos assuntos internos, o democrata abolirá o decreto que proíbe a entrada de muçulmanos de uma série de países no país e retomará em plenitude o programa de amparo a jovens imigrante conhecido como Dreamers (Ação Diferida para Chegadas na Infância - Daca). (ANSA).

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