28/06/2023 20:41:00 - Atualizado em 28/06/2023 21:36:00

Representatividade na política: candidatos trans aumentaram 49% em 2022

Julia Ogeia com supervisão de Ana Martins/ Redação RedeTV!

ONG VoteLGBT ressalta importância de ter pessoas trans ocupando cada vez mais espaços 

(Foto: Pierre Triboli/Câmara dos Deputados)

O Dia Internacional do Orgulho LGBTQIA+, celebrado nesta quarta-feira 28 de junho, destaca as lutas e conquistas da comunidade, que busca por respeito à diversidade, direitos civis fundamentais e políticas de combate a discriminação. 

Ocupar espaços é primordial para que as vontades e necessidades das populações LGBTQIA+ sejam atendidas e que os mais diversos grupos dentro da sigla se sintam representados. Dentro da política, no entanto, o caminho para a comunidade começou a ser pavimentado há menos de trinta anos, com a vitória de Kátia Tapety, a primeira vereadora travesti, nas urnas do Piauí. 

De acordo com dados da ONG VoteLGBT, no último 2 de outubro o número de uma candidatura LGBTQIA+ foi digitado 3,5 milhões de vezes nas urnas. Embora os membros da comunidade representassem apenas 1% das candidaturas, o feito foi considerado um recorde nas eleições

Os números, ainda que pequenos e pouco expressivos, representam uma vitória imensa para a comunidade, cada vez mais presente nos espaços sociais e laborais. 

Esta é uma grande vitória para a democracia brasileira. Não há democracia sem diversidade. Mostramos que existimos na população, a cada Parada do Orgulho, e agora em números recordes também nas urnas e como eleitas. Somos diversas e temos capacidade de fazermos mandatos com políticas para todos e também para nós”, afirma Evorah Cardoso, integrante do VoteLGBT.

É importante ainda entender a relevância de ter membros da comunidade assumindo posições de liderança, poder e decisão nas instituições, empresas e na política, sensíveis à causa para defender e ampliar direitos coletivos e políticas públicas, além de combater à LGBTfobia. 

“O sucesso das LGBT+ nas urnas é um recado bastante expressivo da população brasileira, que precisa ser lido dentro de um contexto maior, em que os eleitores mostram que querem não só mandatos diversos, mas também representativos, das pautas LGBT+, feminista, antirracista e indígena. Elegemos mandatos LGBT+ que são capazes de representar essas distintas pautas”, diz Evorah. 

Segundo a Associação Nacional de Travestis e Transexuais (ANTRA), na última eleição, 79 das 29.262 candidaturas eram de pessoas transsexuais, sendo 70 travestis e mulheres trans, 5 homens trans e 4 candidates com identidades não binárias. Os números mostram um novo recorde de participação de pessoas trans, além de um aumento expressivo de 49% em relação a 2018, onde apenas 53 das candidaturas eram pertencentes a esse grupo. 

Entre os 18 candidatos LGBTQIA+ que venceram as eleições, 5 eram trans, sendo que 1 a cada 3 votos iam para uma mulher trans/travesti, de acordo com a VoteLGBT. 

Das candidatas que se elegeram, os nomes de Erika Hilton (PSol-SP) e Duda Salabert (PDT-MG) se destacam. Isso porque, pela primeira vez na história, o Congresso Nacional passou a ter representantes transsexuais. 

"As deputadas chegando para ocupar Brasília, para fazer história, para levar as travestis que nunca foram eleitas ao Congresso Nacional e agora vão sair das esquinas, vão sair das ruas, vão sair dos cárceres, vão sair das esquinas de crack de prostituição para pensar política pública, para pensar legislação”, declarou Erika em seu Instagram, após ter vitória confirmada nas urnas. 

Tanto o nome de Erika quanto de Duda estão na lista dos 50 deputados federais mais votados do Brasil. Em Minas Gerais, Duda Salabert foi a deputada mulher mais votada do estado, ficando atrás somente de Nikolas Ferreira (PL) e André Janones (Avante). 

“Nós somos do tamanho do nosso desejo, nós somos do tamanho dos nossos sonhos. Desejamos e sonhamos uma sociedade construída que respeite a diversidade e promova a justiça social.”, declarou a deputada durante seu discurso na Câmara no Dia das Mulheres.

Além delas, as assembleias legislativas de Sergipe e do Rio de Janeiro também elegeram pela primeira vez mulheres trans: Linda Brasil (PSol-SE) e Dani Balbi (PCdoB-RJ).

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