Mãe de Marielle "não quer acreditar" em participação de vereador
ABrA mãe da vereadora Marielle Franco, Marinete da Silva, disse nesta sexta (11) que "não quer acreditar" que outro vereador possa ter planejado a morte de sua filha, assassinada a tiros em 14 de março. Nesta semana, o jornal O Globo revelou detalhes de um depoimento prestado à Polícia Civil em que uma testemunha acusa o vereador Marcello Siciliano (PHS) e o ex-policial militar Orlando Oliveira de Araujo de terem se reunido para planejar o crime. A Polícia Civil não confirmou as informações e reiterou que as investigações são sigilosas.
"A gente espera que não seja. Eu não quero acreditar. A gente sabe que a política é um meio bem complicado, mas eu não quero acreditar que alguém que estava ali todos os dias com a minha filha pudesse imaginar ou planejar a morte dela. Isso eu não quero", disse Marinete, que acompanhou as informações noticiadas e destacou que ainda não é possível afirmar nada sobre a autoria do crime.
O vereador Marcello Siciliano nega que tenha se reunido com o ex-PM e que o conheça. O parlamentar afirmou que o depoimento é um factoide e que ele e Marielle tinham uma boa relação. Siciliano disse ainda ter ficado perplexo com o crime e que tem sido "massacrado" nas redes sociais desde que as informações vieram a público. A defesa do ex-policial também negou a participação dele no crime e o contato com o vereador. "É uma testemunha sem qualquer credibilidade", disse o advogado Pablo Andrade.
A mãe de Marielle participou hoje de audiência pública na Comissão de Direitos Humanos e Cidadania do Parlamento do Mercosul, que vai elaborar um relatório sobre a situação do Brasil. Marinete contou que acompanhar a divulgação de informações sobre o possível planejamento que levou ao crime trouxe ainda mais sofrimento.
"Eleva o nível de preocupação e de dor cada vez que você sabe que isso foi planejado. Isso não é coisa de Deus. Como alguém pode fazer isso? Não só com a minha filha, mas com qualquer pessoa".
Marinete disse que preferiu não acompanhar a reconstituição do crime, realizada na noite de ontem pela Delegacia de Homícidios. Ela contou que poderia ter participado do procedimento, mas avaliou que, além de reviver a dor da morte da filha, a sua presença não contribuiria para as investigações.
Ela afirmou que continuará pressionando as autoridades, pelo tempo que for necessário, para que o assassinato de Marielle seja solucionado e disse que a mobilização em torno do caso revigora sua família.
"Fortalece a família. Cada vez que as pessoas cobram, a gente fica com mais vigor para lutar pelas causas que a Marielle defendia."