Foto flagra funcionário da CPTM trabalhando em área contaminada no entorno da USP Leste
Luís Adorno/RedeTV!
Funcionários da CPTM trabalham sem proteção em área contaminada no entorno da USP Leste, segundo foto obtida pela RedeTV! nesta segunda-feira (3). Eles atuam na construção da linha que vai ligar a estação Engenheiro Goulart, na zona leste de São Paulo, ao aeroporto internacional de Cumbica, em Guarulhos e passará por um terreno contaminado que era da USP Leste (Universidade de São Paulo), segundo documento divulgado pela Adusp (Associação dos Docentes da USP), datado em outubro de 2013,
Os funcionários da companhia trabalham com equipamentos semelhantes ao de uma obra comum, bem na área que, segundo a pesquisa, está contaminada e camuflada. O local já foi administrado pela USP e pelo DAEE (Departamento de Águas e Energia Elétrica). Neste ano, a USP Leste ficou seis meses interditada pela Justiça depois de ter sido comprovada a contaminação por gás metano, que é tóxico e explosivo.
Não é a primeira vez que funcionários atuam em área contaminada naquela região. Durante o período de interdição do campus da universidade, os seguranças da instituição ficaram dentro do terreno. Em nota, à época, a USP Leste afirmou que a medida foi necessária “para a preservação do patrimônio público, que deveria ser mantida mesmo com a interdição do local”. No entanto, disse que nenhum deles teve contato com área contaminada.
Segundo o professor de Ciências Naturais da USP Alberto Tufaile, a área que passará a ter uma linha ferroviária nunca chegou a ser analisada. "Quando teve toda a crise da contaminação, pedimos para que fosse feita uma análise da área, que fica um pouquinho fora do centro do campus. A Cetesb [agência ambiental paulista], no início, tinha exigido análise. Depois, parou", disse. Procurada, a Cetesb não se manifestou até a divulgação desta reportagem.
De acordo com análise de imagens de satélite, feitas entre 2009 e 2013 pelo professor Homero Fonseca Filho, coordenador do curso de Gestão Ambiental da universidade, a área que pertencia à USP e que foi cedida à CPTM para a construção do ramal, demonstra diversos crimes ambientais. Em 4 de março de 2009, a imagem de satélite aponta uma área verde, aparentemente sem interferências.
No dia 15 de julho de 2011, as imagens demonstram rastros de terra em meio às árvores. Em uma área do local, punhados de terra vermelha, que não seria contaminada, estão sobre uma terra esbranquiçada, que estaria contaminada. O local fica na região extremo sudoeste do campus, onde os alunos nunca tiveram acesso. No dia 5 de agosto do mesmo ano, a terra vermelha já está esparramada sobre toda a terra contaminada, escondendo o crime ambiental.
Passados quase dois anos, a terra contaminada ficou completamente camuflada. Na imagem de satélite do dia 7 de fevereiro de 2013, a área já está repleta de matagal verde. Desde o início de abril, uma CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) foi instaurada na Câmara Municipal para investigar as áreas contaminadas de São Paulo. Entre elas, a da região da USP Leste.
Procurada, a CPTM informou que está apurando o caso.
Em nota, a USP Leste admitiu que já administrou o terreno que, segundo o estudo, é contaminado. "A área foi administrada pela USP a partir de 2005, e depois devolvida para o DAEE que repassou para a administração da CPTM", diz. A área administrada actualmente pela universidade começa um pouco acima do local da obra, onde está a portaria 1 da USP Leste.
Veja mais:
>>> Ex-diretor sabia de aterro na USP Leste
>>> Para retorno às aulas, USP Leste cerca terreno poluído
Após a publicação da reportagem, a CPTM enviou uma nota de esclarecimento. Segue, na íntegra:
''A CPTM (Companhia Paulista de Trens Metropolitanos) esclarece que a área onde está sendo implantada a Linha 13-Jade, nas imediações do campus da USP Leste, não coincide com as áreas de disposição de solo contaminado no território ocupado pela universidade.
Cabe ressaltar que a CPTM avaliou antecipadamente as condições de trabalho atendendo ao Manual de Gerenciamento de Áreas Contaminadas da CETESB. Para isso, foi realizada a avaliação preliminar e investigação confirmatória nos trechos necessários, com coleta e análise química de solo e água, na área diretamente envolvida na implantação da Linha 13-Jade.
Foram perfurados poços na projeção de cada pilar do elevado, e coletado solo e água. Apenas em um único poço de monitoramento (número 40), foi encontrada água contaminada com Bário e Chumbo.
Como medida de segurança as escavações das fundações dos pilares/poços 39, 40 e 41 foram gerenciadas de forma compatível com a premissa de contaminação da água, adotando-se procedimentos de uso de EPIs e de tratamento e destinação de solo e água adequados a esse cenário.
Em relação a foto do empregado, informamos que os Equipamentos de Proteção Individual - EPI(s) utilizados são adequados ao trabalho realizado no local.''
Os funcionários da companhia trabalham com equipamentos semelhantes ao de uma obra comum, bem na área que, segundo a pesquisa, está contaminada e camuflada. O local já foi administrado pela USP e pelo DAEE (Departamento de Águas e Energia Elétrica). Neste ano, a USP Leste ficou seis meses interditada pela Justiça depois de ter sido comprovada a contaminação por gás metano, que é tóxico e explosivo.
Não é a primeira vez que funcionários atuam em área contaminada naquela região. Durante o período de interdição do campus da universidade, os seguranças da instituição ficaram dentro do terreno. Em nota, à época, a USP Leste afirmou que a medida foi necessária “para a preservação do patrimônio público, que deveria ser mantida mesmo com a interdição do local”. No entanto, disse que nenhum deles teve contato com área contaminada.
Segundo o professor de Ciências Naturais da USP Alberto Tufaile, a área que passará a ter uma linha ferroviária nunca chegou a ser analisada. "Quando teve toda a crise da contaminação, pedimos para que fosse feita uma análise da área, que fica um pouquinho fora do centro do campus. A Cetesb [agência ambiental paulista], no início, tinha exigido análise. Depois, parou", disse. Procurada, a Cetesb não se manifestou até a divulgação desta reportagem.
De acordo com análise de imagens de satélite, feitas entre 2009 e 2013 pelo professor Homero Fonseca Filho, coordenador do curso de Gestão Ambiental da universidade, a área que pertencia à USP e que foi cedida à CPTM para a construção do ramal, demonstra diversos crimes ambientais. Em 4 de março de 2009, a imagem de satélite aponta uma área verde, aparentemente sem interferências.
No dia 15 de julho de 2011, as imagens demonstram rastros de terra em meio às árvores. Em uma área do local, punhados de terra vermelha, que não seria contaminada, estão sobre uma terra esbranquiçada, que estaria contaminada. O local fica na região extremo sudoeste do campus, onde os alunos nunca tiveram acesso. No dia 5 de agosto do mesmo ano, a terra vermelha já está esparramada sobre toda a terra contaminada, escondendo o crime ambiental.
Passados quase dois anos, a terra contaminada ficou completamente camuflada. Na imagem de satélite do dia 7 de fevereiro de 2013, a área já está repleta de matagal verde. Desde o início de abril, uma CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) foi instaurada na Câmara Municipal para investigar as áreas contaminadas de São Paulo. Entre elas, a da região da USP Leste.
Procurada, a CPTM informou que está apurando o caso.
Em nota, a USP Leste admitiu que já administrou o terreno que, segundo o estudo, é contaminado. "A área foi administrada pela USP a partir de 2005, e depois devolvida para o DAEE que repassou para a administração da CPTM", diz. A área administrada actualmente pela universidade começa um pouco acima do local da obra, onde está a portaria 1 da USP Leste.
Veja mais:
>>> Ex-diretor sabia de aterro na USP Leste
>>> Para retorno às aulas, USP Leste cerca terreno poluído
Após a publicação da reportagem, a CPTM enviou uma nota de esclarecimento. Segue, na íntegra:
''A CPTM (Companhia Paulista de Trens Metropolitanos) esclarece que a área onde está sendo implantada a Linha 13-Jade, nas imediações do campus da USP Leste, não coincide com as áreas de disposição de solo contaminado no território ocupado pela universidade.
Cabe ressaltar que a CPTM avaliou antecipadamente as condições de trabalho atendendo ao Manual de Gerenciamento de Áreas Contaminadas da CETESB. Para isso, foi realizada a avaliação preliminar e investigação confirmatória nos trechos necessários, com coleta e análise química de solo e água, na área diretamente envolvida na implantação da Linha 13-Jade.
Foram perfurados poços na projeção de cada pilar do elevado, e coletado solo e água. Apenas em um único poço de monitoramento (número 40), foi encontrada água contaminada com Bário e Chumbo.
Como medida de segurança as escavações das fundações dos pilares/poços 39, 40 e 41 foram gerenciadas de forma compatível com a premissa de contaminação da água, adotando-se procedimentos de uso de EPIs e de tratamento e destinação de solo e água adequados a esse cenário.
Em relação a foto do empregado, informamos que os Equipamentos de Proteção Individual - EPI(s) utilizados são adequados ao trabalho realizado no local.''