Árbitro Igor Benevenuto se declara homossexual em podcast: 'Passei minha vida sacrificando o que sou'
Redação RedeTV!Benevenuto explica que o futebol era um esporte que cresceu odiando por conta do ambiente recheado de preconceito disfarçado em piada
(Foto: Reprodução/Redes sociais)
Em entrevista ao podcast “Nos Armários do Futebol”, do "ge", que discute a homofobia e o machismo no esporte, o árbitro da FIFA Igor Benevenuto declarou ser homossexual. O episódio foi ao ar nesta sexta-feira (8).
Benevenuto explica que, antes de se tornar árbitro, o futebol era um esporte que cresceu odiando “profundamente”, por conta do ambiente recheado de machismo e preconceito disfarçado em piada.
“Para sobreviver na rodinha de moleques que viviam no terrão jogando bola, montei um personagem, uma versão engessada de mim. Futebol era coisa de 'homem', e desde cedo eu já sabia que era gay. Não havia lugar mais perfeito para esconder a minha sexualidade. Mas jogar não era uma opção duradoura, então fui para o único caminho possível: me tornei árbitro”, disse o juiz.
Com medo da homofobia, Benevenuto, que tem 23 anos de profissão, declarou que nunca pôde ser ele mesmo. “Passei minha vida sacrificando o que sou para me proteger da violência física e emocional da homofobia. E fui parar em um dos espaços mais hostis para um homossexual. Era por saber disso que eu odiava o futebol”, lamenta.
O árbitro ainda conta que se interessou pela profissão a partir da Copa do Mundo de 1994, nos Estados Unidos, quando o Brasil venceu o tetracampeonato. Na ocasião, a FIFA havia trocado o uniforme preto tradicional da arbitragem, por cores vibrantes como rosa, amarelo e prata, algo que chamou a atenção de Benevenuto. “No dia seguinte, na pelada com os meninos, avisei que não iria mais jogar. Queria comandar a partida, e foi assim que comecei a apitar e ressignificar minha relação com o futebol”, explicou.
“Nós, os gays no futebol, somos muitos. Estamos em toda parte. Mas 99,99% estão dentro do armário. Tem árbitro, jogador, técnico, casados, com filhos, separados, com vida dupla... Tem de tudo. A gente se reconhece. Eu brinco que temos um Wi-Fi ligado constantemente e que se conecta com o outro mesmo sem querer. Nós existimos e merecemos o direito de falar sobre isso, de viver normalmente”, manifesta o árbitro que também destaca estar entre os 50 melhores dos 600 profissionais de arbitragem da Confederação Brasileira de Futebol (CBF).