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'Eu não aguento mais 20 anos sem saber o que aconteceu', diz mãe de Priscila Belfort

Tatiana Fernandes - Redação RedeTV!

Jovita Belfort, que também é mãe do lutador Vitor Belfort, falou com exclusividade para o programa ‘Geral do Povo’

(Foto: Reprodução/ Rede TV!)

No dia 09 de janeiro de 2004, Priscila Belfort, irmã do lutador de MMA Vitor Belfort, desapareceu no Rio de Janeiro sem deixar vestígio. Foram anos de investigações, algumas pistas que não deram em nada e hoje, após 20 anos do desaparecimento, ainda não se sabe o que aconteceu com Priscila. “É um daqueles casos, sem resposta, que temos no Brasil; o caso de Elisa Samudio, que nunca teve o corpo encontrado, e o caso da Priscila, cujo o paradeiro segue desconhecido até hoje”, conta Geraldo Luís na entrevista exclusiva que fez com dona Jovita Belfort, mãe de Priscila.

“A vida passa a ser em preto e branco”, inicia dona Jovita ao falar da dor de ter um filho desaparecido. Nessa reportagem especial, o apresentador Geraldo Luís refez os passos de Priscila Belfort, no dia em que desapareceu, no Centro do Rio de Janeiro. Na época, com 29 anos, Priscila saiu do serviço para almoçar e nunca mais voltou. Em um tempo onde câmeras de segurança não eram comuns em fachadas de edifícios e ruas, o que aconteceu com Priscila segue sem ser revelado até hoje: “É uma dor que eu sinto todos os dias. Você hoje está conversando com a Jovita de 2004. A dor é igual, a saudade é igual, a tristeza é igual, é tudo igual”, diz Jovita ao falar da angustia de não ter nenhuma notícia da filha nesses 20 anos.

MESMO NÚMERO DE TELEFONE

Perguntada se ela ainda acredita em um telefonema e em notícias de Priscila, dona Jovita revelou: “Eu sair do Rio de Janeiro, sair do lado do telefone, ainda é um problema pra mim. Eu tinha certeza que esse telefone iria tocar e até hoje ele não tocou”, declarou a mãe de Priscila com os olhos cheios d’água.

(Foto: Reprodução/ RedeTV! )

“Eu sair da minha casa é a coisa mais difícil, por que eu estou sempre esperando esse telefone tocar. É como eu falo, eu vivo um luto diário e esse luto diário é diferente desse luto da morte, porque eu tenho uma ausência da minha filha, então ele é um luto, o telefone pra mim, sair de perto dele, é um problema sério”, disse dona Jovita.

“VOLTA, PRISCILA”

Dona Jovita contou ainda que espera que esse documentário sobre o desaparecimento da Priscila possa ajudar a trazer alguma informação sobre seu paradeiro. “Eu demorei quatro anos para fazer esse documentário, era muito difícil para mim”. O documentário “Volta, Priscila”, do Disney+, aborda todo o contexto do caso e as informações que já foram investigadas nesses 20 anos.

E sobre as “pistas” dona Jovita declarou: “Eu costumo dizer que eu não tive sorte. Por que todas as informações que recebemos nesses 20 anos não deram em nada”. Apesar disso, ela disse manter a esperança: “A mãe vai sempre esperar que o filho volte”.

Jovita também falou da importância, especialmente para a família, de se divulgar o rosto de um desaparecido na mídia: “Para a pessoa desaparecida ter seu rosto divulgado é muito importante, ter seu caso contato, ter sua foto sendo mostrada”.

Jovita também disse que fez o documentário para que os netos, filhos do casal Vitor Belfort e Joana Prado, pudessem conhecer a tia. “Eu amo meus netos. São eles que me fazem sustentar essa dor a cada dia”.

(Foto: Reprodução RedeTV!)

CRIME?

Jovita Belfort não acredita que a filha tenha sido morta por um suposto envolvimento de seu namorado com o tráfico de drogas, como já chegou a ser veiculado na imprensa: “Apenas uma vez esse assunto foi mencionado em 20 anos do desaparecimento e a polícia investigou e não encontrou evidências”, pontuou dona Jovita. 

Ela deseja saber o que aconteceu com a filha, “independente do desfecho da história”. E acredita que, no caso de ter acontecido um crime, o fato dele já ter acontecido há 20 anos, e dessa forma já ter sido prescrito pela lei brasileira, pode estimular a pessoa a falar: “Alguém sabe. Eu sinto que alguém sabe e eu espero que agora essa pessoa segurança para contar. Eu não quero morrer sem saber onde está ou o que aconteceu com a minha filha”, declarou.

(Foto: Reprodução/ RedeTV!)

MÁGOA

Jovita disse que tem muita mágoa da família do namorado da filha que, segundo ela, não teria dado nenhuma apoio, nenhuma assistência na ocasião do desaparecimento e nem ao longo desses 20 anos. “O namorado da Priscila não era um traficante, era muito bem nascido, muito bem educado, aluno do Santo Inácio, então uma família bem financeiramente, então a Priscila nunca namorou um traficante. Então a família, com o poder que ela tinha, ela se ausentou totalmente, e essa é uma mágoa que eu tenho”, desabafou Jovita.

Por fim, ela voltou a pedir por informações da filha. Pediu que a pessoa que saiba o paradeiro de Priscila denuncie e coloque fim nessa agonia: “Eu não aguento mais 20 anos sem saber o que aconteceu”, declarou dona Jovita Belfort.

(Foto: Reprodução RedeTV!)

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