A punição gerou indignação e questionamentos sobre o respeito à cultura afro-brasileira no desfile

(Foto:Reprodução/Redes Sociais)

O Carnaval acabou, mas as polêmicas ainda não! A jurada Ana Paula Fernandes, que tirou 0,1 ponto da Unidos de Padre Miguel está recebendo uma chuva de críticas após afirmar que fez isso devido ao uso do idioma iorubá no samba-enredo da escola. A decisão gerou grande revolta entre os integrantes da agremiação e provocou críticas nas redes sociais.

A jurada justificou a penalização alegando que "há trechos de difícil entendimento devido ao excesso de termos em iorubá (muitas estrofes)". O rebaixamento da Unidos de Padre Miguel para a Série Ouro levantou um debate sobre a valorização da cultura afro-brasileira e a capacitação dos jurados para avaliar enredos que abordam temas relacionados à ancestralidade africana.

Repercussão e críticas

Em uma nota oficial, a escola repudiou a decisão, classificando a avaliação como "despreparada". "Despontuar uma escola por utilizar o dialeto de sua cultura é, no mínimo, uma avaliação despreparada", afirmou a Unidos de Padre Miguel. A agremiação também deixou claro que não pretende "esquecer" sua oralidade para agradar a um "acadêmico não negro".

O samba-enredo da Unidos de Padre Miguel homenageou os 200 anos da Casa Branca do Engenho Velho, considerado o primeiro terreiro de candomblé do Brasil, e a história de Iyá Nassô, uma das matriarcas do candomblé Ketu. A penalização da escola por utilizar o iorubá gerou indignação entre pesquisadores e autoridades.

Nas redes sociais, o mestre em educação pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), João Raphael, classificou a decisão como "racismo explícito" e criticou o despreparo dos jurados. "Retirar ponto da Unidos de Padre Miguel por excesso de termos em iorubá, além de racismo explícito, é um excelente exemplo do despreparo dos jurados em relação a temas ligados ao continente africano, que, diga-se de passagem, povoaram belamente a Sapucaí este ano", escreveu.

A vereadora Tainá de Paula também se posicionou contra a penalização. "Segundo os jurados do Carnaval Carioca, a Unidos de Padre Miguel foi penalizada por ‘excesso de termos em iorubá’. Um enredo que trata sobre Iyá Nassô, matriarca do candomblé Ketu, deveria cantar sua história em termos europeus?", questionou.

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