Outubro Rosa: Por que o câncer de mama atinge mais as mulheres do que os homens?
Gabriela Morais com supervisão de Caio FonsecaEmbora as mulheres sejam a maioria dos casos, homens também podem ser afetados pela doença
(Foto: Freepik)
O câncer de mama é uma das doenças que mais afetam as mulheres no mundo, representando cerca de 24,5% de todos os diagnósticos, com aproximadamente 2,3 milhões de novos casos, segundo o Instituto Nacional de Câncer (INCA). Em 2021, a doença resultou em 666.103 óbitos.
No Brasil, a estimativa para 2021 alcançou 66.280 novos casos de câncer de mama, tornando-se a principal causa de óbitos entre mulheres no país.
Mas quais fatores fazem com que a doença seja tão prevalente na população feminina? Segundo o Dr. Alexandre Pupo, mastologista e membro do corpo clínico do Hospital Sírio-Libanês, o principal fator é que a mama feminina possui um volume maior do que a masculina e, por essa razão, há um número maior de células que podem passar pelo processo que leva à formação do câncer.
"O estrogênio, que é um hormônio sexual feminino, também é produzido pelos homens, mas em uma quantidade muito pequena, enquanto a mulher produz esse hormônio em uma quantidade muito maior", explica o especialista ao portal RedeTV!.
Além das causas familiares e genéticas, a ação hormonal combinada com diversos fatores multifatoriais leva a alterações celulares que resultam na formação de nódulos.
Quais são os principais fatores de risco para o câncer de mama?
O especialista explica que, embora não exista um padrão específico para a doença, alguns fatores podem aumentar o risco de desenvolvimento do câncer nas células.
"Mulheres que optaram por não ter filhos, tiveram filhos mais tarde ou não conseguiram conceber têm um risco aumentado, assim como mulheres obesas, diabéticas ou que consomem alimentos industrializados e ricos em gorduras trans."
Alexandre também menciona que alguns hábitos de vida podem acelerar esse processo, como "tabagismo, consumo de álcool, sedentarismo, perda de massa muscular e exposição a substâncias poluentes, como aquelas provenientes da combustão de combustíveis fósseis, também elevam o risco. Radiações ionizantes, como a radioterapia em pacientes jovens, são outros fatores importantes", explica.
Câncer de mama em homens é uma realidade?
Embora as mulheres sejam a maioria dos casos, os homens também podem ser afetados pela doença. Conforme o Ministério da Saúde (MP-SP), os casos masculinos representam 1% do total.
O número pode parecer pequeno, mas reflete uma realidade. Um dos casos que entra nessa estatística é o de Pedro Henrique Mascarenhas, de 43 anos, que descobriu o nódulo após realizar uma cirurgia para perda de peso.
"Nunca doía. Como emagreci muito depois da cirurgia, ele apareceu. Se eu não tivesse feito bariátrica, não teria notado nunca. Achei que o caroço era gordura", contou ele ao UOL.
Pedro passou por um tratamento intenso, que incluiu 16 sessões de quimioterapia, cirurgia de mastectomia e 25 sessões de radioterapia. A quimioterapia reduziu o tumor de 5,4 para 2 centímetros. Na cirurgia, ele retirou toda a mama esquerda e aproveitou para fazer uma reconstrução estética, utilizando pele da outra mama e dividindo o mamilo para enxertar no lado operado.
Após a radioterapia, o paciente recebeu a notícia de remissão, ou seja, os exames não detectaram mais sinais de câncer no corpo.
O caso de Pedro mostra que homens e mulheres podem retomar a vida normal após o tratamento. O mastologista destaca que, para prevenir o câncer, é fundamental adotar hábitos saudáveis e estar sempre atento aos exames de rotina. "O rastreamento é feito principalmente com a mamografia, associada à ultrassonografia", explica.