Morre coronel Brilhante Ustra, ex-chefe do DOI-Codi na ditadura militar
Redação/RedeTV! com Agência Brasil
(Foto: Wilson Dias/ Agência Brasil)
Morreu na madrugada desta quinta-feira (15), aos 83 anos, o coronel reformado Carlos Alberto Brilhante Ustra, comandante do Destacamento de Operações de Informações - Centro de Operações de Defesa Interna do 2º Exército em São Paulo (DOI-Codi-SP) entre os anos de 1970 e 1974. Ele lutava contra um câncer e estava internado no Hospital Santa Helena, em Brasília. A causa da morte não foi confirmada até o momento.
Ustra ficou conhecido por comandar o órgão de repressão política durante a ditadura militar instaurada no Brasil entre 1964 e 1985. O coronel foi um dos principais depoentes da Comissão Nacional da Verdade (CNV), que investigou violações de direitos humanos cometidos naquele período.
Em 2008, tornou-se o primeiro militar a ser reconhecido, pela Justiça, como torturador durante a ditadura. Em 2013, ele negou uma acusação do Ministério Público Federal ter ocultado cadáver. “Agi com a consciência tranquila. Nunca ocultei cadáver. Sempre agi dentro da lei”, disse à época. Ele ainda negou que tenha cometido assassinato, tortura e sequestro e afirmou que nenhuma tortura foi cometida dentro das instalações do órgão de repressão do governo militar.
Testemunhas, entretanto, confirmaram à CNV a participação de Brilhante Ustra no sequestro de Edgar de Aquino Duarte, ocorrido em 1973. Ele segue desaparecido até hoje. No início de outubro deste ano, a Justiça Federal em São Paulo rejeitou a denúncia do Ministério Público Federal contra o coronel reformado acusado de envolvimento no assassinato do militante comunista Carlos Nicolau Danielli, sequestrado e torturado nas dependências do Destacamento de Operações e Informações do 2º Exército (DOI), na capital paulista, em dezembro de 1972.
Em um dos trechos mais polêmicos de seu depoimento à Comissão da Verdade, Ustra afirmou que a presidente Dilma Rousseff foi membro de "quatro organizações terroristas que tinham o objetivo de implantar o comunismo no Brasil". "Se não fosse a nossa luta, se não tivéssemos lutado, hoje eu não estaria aqui porque eu já teria ido para o 'paredon'. Hoje não existiria democracia nesse país. O senhores estariam em um regime comunista tipo de Fidel Castro”, afirmou Ustra.