Sírios fogem da guerra para cair nas mãos de contrabandistas na América Latina
2015-11-20 13:22:08 GMT+00:00 - ReutersPor Gustavo Palencia e Dave Graham
TEGUCIGALPA (Reuters) - Um grupo de cinco sírios pagou a contrabandistas 10.000 dólares cada um para viajar através de vários países, até que foram detidos em Honduras por porte de documentos gregos falsos, o que expôs uma pouco conhecida rota de entrada ilegal de sírios que fogem da guerra em seu país. Segundo uma fonte dos Estados Unidos, alguns deles portavam passaportes falsos do Brasil.
Os jovens disseram a ativistas pró-direitos humanos que o seu destino final era a Guatemala porque os contrabandistas turcos que os guiaram por telefone através de um continente desconhecido para eles lhes prometeram postos de trabalho e casa quando lá chegassem.
Mas parentes de um dos homens, Lourans Samaan, de 19 anos, disseram que ele estava tentando ir ao encontro do irmão nos Estados Unidos e ali encontrar trabalho. Eles afirmaram que Samaan é um cristão sírio de uma aldeia perto da cidade de Homs, uma das regiões mais afetadas na guerra. Outros dois homens têm nomes cristãos.
"Ele é um homem jovem, quer ganhar a vida, e o que vai fazer na Síria? É tão perigoso", disse seu cunhado Issa Amissa, falando à Reuters dos Emirados Árabes Unidos.
Cerca de 10 por cento da população da Síria é cristã, seguidora de algumas das mais antigas igrejas ortodoxas do mundo. Os cinco homens, com idades entre 19 a 30 anos, faziam parte de um grupo mais amplo de sete sírios que adquiriram passaportes falsificados no Brasil, disse uma fonte dos EUA.
Os homens viajaram da Síria para o Líbano e, em seguida, seguiram para o Brasil com passaportes sírios, disse o ativista de direitos Miroslava Cerpas, que teve acesso aos presos. Suas viagens foram financiadas pelos pais e famílias.
Do Brasil, eles foram por terra para a Argentina antes de se dirigir ao norte, disse a fonte dos EUA. O grupo, então, passou "vários dias" na Costa Rica, antes de voar para Honduras, de acordo com um funcionário na Costa Rica com conhecimento direto do caso.
Foram parados em Honduras porque seus passaportes não incluíam um certificado de vacinação contra a febre amarela, necessário no país, disse Cerpas, embora as autoridades hondurenhas afirmem ter percebido que os documentos eram irregulares.
Um segundo funcionário do governo norte-americano afirmou que aparentemente os cinco viajaram para Honduras porque acreditavam que os controles fronteiriços do país seriam negligentes. Seus passaportes foram obviamente forjados, disse a fonte, levantando questões sobre como eles foram capazes de se movimentar através das demais fronteiras, aparentemente com facilidade.
Os outros quatro homens se identificaram como Majd Ghanout Kousa, Fady Freej Shehada, Mazen Mikhail e William Ghanem. Alguns deles disseram ser de Hasaka, outra cidade atormentada pela violência. Todos os cinco buscam o estatuto de refugiado em Honduras.
Samaan disse a Cerpas que eles estavam viajando de um lado para outro havia quase um ano. Seu cunhado afirmou ter visto Samaan pela última vez um ano atrás. O irmão de Samaan, que pediu para não ser identificado, disse que falou com ele na Argentina.