Evo Morales denuncia tentativa de 'golpe' na Bolívia
Ansa BrasilPresidente também declarou "estado de emergência" no país
O presidente da Bolívia, Evo Morales, denunciou nesta quarta-feira (23) uma tentativa de "golpe" e declarou estado de emergência no país por conta dos protestos que se seguiram à eleição do último domingo (20).
A Bolívia se juntou à lista de nações latino-americanas em convulsão social após o Tribunal Eleitoral ter indicado uma vitória do mandatário sobre o opositor Carlos Mesa em primeiro turno. Anteriormente, no entanto, a mesma corte havia suspendido a divulgação de resultados provisórios após uma parcial indicar que haveria segundo turno, algo inédito na "era Morales".
Evo Morales acusa a direita de arquitetar golpe com 'apoio internacional' - (Foto: Divulgação/Ministerio de la Presidencia de Bolivia)
A perspectiva de uma vitória do presidente em primeiro turno revoltou os apoiadores de Mesa, que saíram às ruas de diversas cidades do país e incendiaram locais de apuração de votos. "Quero denunciar ao mundo que está em curso um golpe de Estado. A direita o preparou com apoio internacional", disse Morales.
Segundo o presidente, ele venceu as eleições "com mais de meio milhão de votos" de vantagem, embora os resultados definitivos ainda não tenham sido divulgados. "Convido meus companheiros a se organizarem para defender a democracia", acrescentou.
Com 96% das urnas apuradas, o Tribunal Eleitoral diz que Morales tem 46,49% dos votos, contra 37,01% de Mesa. Para vencer em primeiro turno, o presidente precisa de pelo menos 10 pontos de vantagem sobre seu adversário, mas os votos que restam são majoritariamente de áreas rurais, mais fiéis ao mandatário.
"Não vamos entrar em confronto, será estado de emergência, mobilização pacífica e constitucional", ressaltou Morales, que busca seu quarto mandato na Bolívia e está no poder desde janeiro de 2006.
Em 2016, a população chegou a rejeitar em referendo uma proposta para permitir ao presidente uma nova reeleição, mas o Tribunal Constitucional determinou que impor limite ao número de mandatos seria uma "violação dos direitos humanos".
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