14/08/2017 18:34:00 - Atualizado em 14/08/2017 20:16:00

Com projeto que questiona pressão estética sobre mulheres, artista espanhola afirma: "É hora de uma mudança social"

Bruna Baddini/RedeTV

Foto: Reprodução/Instagram/Zinteta

"Uso a arte como ferramenta de expressão e luta", declara Cinta Tort Cartró. Nascida em Barcelona, na Espanha, ela sempre esteve em contato constante com as artes e pintura, mas foi quando resolveu trocar as telas convencionais pelo corpo feminino que viu uma revolução acontecer em sua expressão artística.

Com trabalhos que discutem polêmicas envolvendo o corpo feminino, Cinta, também conhecida como Zinteta, questiona tabus como a menstruação e as estrias. Recentemente, a jovem de apenas 21 anos lançou o projeto "Mancho y no me doy asco", ou "Mancho e não me enojo" em tradução livre para o português. Através dele, a catalã usa cores vibrantes e brilho para representar o período menstrual "vazando" pela pele e roupas íntimas.

"Sempre havia desenhado e usado lenços de suporte como papel, tela ou outros, até que um dia decidi pintar as minhas estrias. A partir dali nasceu minha inspiração para usar a minha pele como tela, e vieram todas as ideias para lutar contra a pressão estética", contou Cinta em entrevista ao portal da RedeTV!.

Trabalhar com algo tão polêmico quanto a natureza feminina, segundo Cinta, tem trazido resultados positivos e ajudado a encorajar discussões que, para ela, são essenciais para que outras mulheres possam compreender a si mesmas. "Nunca se falou dela [a menstruação] como se deveria falar. Poucas vezes nos contaram que é um processo cíclico que vivemos. Se conhecemos como funciona esse processo no nosso corpo, poderemos nos conhecer melhor", afirmou.

A artista, que sofreu com anorexia durante a adolescência, coloca na conta da produção artística a superação do transtorno alimentar e confessou que trabalhar com o corpo foi essencial para aceitar a si mesma.

"Acredito que a arte me ajudou muito porque me permitiu me conhecer, me expressar, me comunicar mais. Essas foram ferramentas que me ajudaram muito a seguir em frente. Acho que tanto o meu trabalho quanto contar a minha própria experiência pode ajudar muitas mulheres. Aliás, muitas me escrevem agradecidas e isso é demais", relatou Zinteta, completando: "Estou recebendo muitas mensagens de apoio, muitas mensagens 'reflexivas' das pessoas e isso é precioso. Está sendo um processo muito bonito e mágico. Estou muito agradecida".

Feminista, a jovem já acumula mais de 50 mil seguidores em sua conta do Instagram e vê feliz o momento de conscientização feminina. "As coisas estão mudando e já é hora de que ocorra uma mudança social".

Para outras mulheres que sofrem repressão por serem que são e preconceitos por causa de seus corpos, Zinteta mandou um recado: "Confiem em si mesmas, se conheçam, se observem e experimentem com seu corpo, que tentem ler tudo o que acontece com ele. Não tenham medo! Confiem no que são e que não deixem que se metam com os seus corpos".

Fotos: Reprodução/Instagram/Zinteta

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