11/01/2022 15:24:00 - Atualizado em 11/01/2022 15:24:00

O que a neurociência espera do mundo "pós-pandemia"?

Isabelle Castelo/Redação RedeTV!

“A pandemia trouxe à percepção de como estávamos a ‘beira do abismo’ quando se fala em saúde mental”, diz o neurocientista Fabiano de Abreu

(Foto: Agência Brasil)

A pandemia de Covid-19 trouxe diversos impactos na população brasileira e no mundo. Uma pesquisa feita por cientistas brasileiros e publicada no Journal of Clinical Medicine concluiu que durante esse período houveram taxas de prevalência no Brasil de depressão e ansiedade muito altas: 61% e 44% respectivamente, devido, principalmente, ao isolamento social.

A Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS) publicou em novembro de 2021 um documento que examina estudos e dados de países da América para compreender melhor o impacto da pandemia na saúde mental das populações.

Os dados analisados mostraram que mais de quatro em cada 10 brasileiros tiveram problemas de ansiedade; os sintomas de depressão aumentaram cinco vezes no Peru; e a proporção de canadenses que relataram altos níveis de ansiedade quadruplicou como resultado da pandemia.

“A saúde mental há muito tempo é uma área negligenciada da saúde pública nas Américas. Os governos devem aproveitar a pandemia de Covid-19 como uma oportunidade para reforçar seus serviços de saúde mental e fazer os investimentos necessários para reconstruir cada vez melhor, de maneira mais justa”, declarou o chefe da Unidade de Saúde Mental e Uso de Substâncias da OPAS, Renato Oliveira.

Em entrevista à Redação RedeTV!, o neurocientista Fabiano de Abreu explica que a ansiedade é uma “pendência e faz parte do instinto humano” e portanto, a ansiedade só pode ser controlada mas não extinta.

Além disso, o especialista diz que o organismo não está preparado para o tanto de informações recebidas no dia a dia, principalmente em uma época que é usada das redes sociais um lugar para buscar sensações melhores.

O mundo pós pandemia

Imaginando um mundo pós covid-19, o doutor Abreu explica que se eliminada a denominada "ansiedade do ‘risco de vida’”, em que as pessoas ficam constantemente com receio de contrair a doença ou de contaminar alguém, a população voltará às rotinas “normais” e a sensação de liberdade fará com que a ansiedade seja melhor controlada.

“A falta de liberdade, alteração de rotina e receios ativam a ansiedade no processo de recorrência da amígdala cerebral, trazendo memórias negativas para nos dar opções para que possamos tomar as melhores decisões e resolver o que nos coloca em risco. Quando acionada constantemente, a amígdala como nosso cérebro é moldado, há uma mudança anatômica que podem trazer danos para a saúde mental”, declara Fabiano Abreu.

O especialista ainda explica que tudo tem vínculo com a ansiedade, mas que isso não é ruim, pois se não existisse, não sobreviveríamos, já que é ela que nos traz o sentimento de precaução e prevenção.

O especialista deu algumas dicas para ajudar as pessoas a saírem com uma melhor saúde mental da pandemia:

- Dormir 8 horas por noite e não dormir de madrugada;

- Fazer pelo menos 30 minutos por dia de exercícios físicos;

- Usar menos as redes sociais;

- Ler mais livros;

- Evitar ler notícias ruins, a depender da condição de sua ansiedade;

- Ter uma boa dieta alimentar;

- Se conhecer e reconhecer seus limites.

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