Brasil registra aumento de 3% no número de casos de Aids
AnsaUm relatório divulgado pelo Programa Conjunto das Nações Unidas sobre HIV/AIDS (Unaids) nesta quinta-feira (20) mostrou que o Brasil registrou uma leve alta no número total de pessoas contaminadas pelo vírus.
No país, o total de infecções subiu de 47 mil casos em 2010 para 48 mil em 2016, uma alta de 3%. O resultado foi na contramão daquele registrado em nível global, que apontou uma queda de 11% no número de casos no mesmo período.
No entanto, o país não teve uma alta nas mortes relacionadas à Aids, que se mantém em 14 mil desde 2005. Já o número de pessoas vivendo com a doença subiu de 490 mil em 2005 para 640 mil em 2010 e para 830 mil em 2016.
Ao analisar a América Latina, o Unaids informou que houve uma queda de 12% no número de casos entre 2000 e 2016. No entanto, a entidade alerta para as situações “preocupantes” na Bolívia, Paraguai e Uruguai. O relatório ainda aponta um dado positivo: pela primeira vez, mais da metade de todas as pessoas que sofrem com a infecção conseguiram acesso a tratamentos para a doença. Em números, isso significa que 19,5 milhões dos 36,7 milhões de infectados no mundo puderam receber um tratamento adequado.
As mortes também diminuíram quase pela metade entre 2005 e 2016, com um milhão de falecimentos contra 1,9 milhão registrado em 2005.
“Alcançamos o objetivo de 15 milhões de pessoas em tratamento em 2015 e estamos no caminho para duplicar esse número para 30 milhões e alcançar o objetivo de 2020”, afirmou Michel Sidibé, diretor-executivo do Unaids em comunicado oficial.
Resistência
A OMS também fez um alerta para o número crescente de resistência do vírus aos medicamentos disponíveis no mercado. Essa resistência se desenvolve quando as pessoas não aderem a um plano de tratamento prescrito.
Em seis dos 11 países pesquisados na África, Ásia, e América Latina mais de 10% das pessoas que iniciaram o tratamento tinham uma linhagem do vírus resistente a algumas das drogas anti-HIV mais comuns. As nações mais atingidas foram Guatemala, Nicarágua, Namíbia, Uganda, Zimbábue e Argentina.
No Brasil, em 1.391 casos foram registrados a temida resistência. O número, porém, representa menos de 10% dos tratamentos iniciados aqui.
– Jovens e homens: O documento alerta que os “jovens estão ficando para trás em diversas frentes – conhecimento sobre o HIV, testagem, tratamento e prevenção”. Em números, cerca de 610 mil novas infecções por HIV ocorreram entre jovens de 15 a 24 anos e 59% delas foram em mulheres.
A situação mais grave, de acordo com o documento, é entre as mulheres jovens na África Subsaariana, onde os novos casos entre elas representam 44% a mais do que os registrados entre os homens.
No entanto, em termos mundiais, o “relatório revela que menos de 50% dos homens jovens sabem como se proteger da infecção pelo HIV, que os homens são muito menos propensos do que as mulheres a conhecer seu estado sorológico para o vírus ou a iniciar o tratamento antirretroviral e que menos de 50% dos homens que vivem com HIV têm acesso à terapia antirretroviral”.
Isso porque o diagnóstico deles acaba ocorrendo em estágios avançados da doença e começam o tratamento com atraso, apenas quando ficam doentes. Com isso, as mortes entre as mulheres são 27% menores do que a entre eles.
– Regiões com alta: Ao analisar os casos por regiões, o Unaids alerta que a Europa Oriental e Ásia Central são as únicas regiões onde os casos de infecção e mortes aumentaram consideravelmente. Em 2016, as infecções subiram das 120 mil registradas em 2010 para 190 mil, sendo que as pessoas que usam drogas injetáveis representaram 42% dos novos casos.
“Na Federação Russa, os casos recém-relatados de HIV aumentaram 75% entre 2010 e 2016. Vários outros países da região-incluindo Albânia, Armênia e Cazaquistão-também têm epidemias em rápido crescimento”, destaca ainda o texto. (ANSA)