08/04/2019 12:27:00 - Atualizado em 08/04/2019 12:38:00

"Salva meu pai", diz filho de músico morto após carro levar mais de 80 tiros no RJ

Redação/RedeTV!

A informação foi dada ao portal da RedeTV! pelo filho mais velho da vítima, Daniel Rosa

(Foto: reprodução/Facebook)

"Salva meu pai, tô com saudade dele", repete constantemente o filho de sete anos de Evaldo dos Santos Rosa, músico que morreu após seu carro ser alvo de mais de 80 tiros disparados por militares do Exército em Guadalupe, zona oeste do Rio de Janeiro, na tarde de domingo (8).

A informação foi dada ao portal da RedeTV! por Daniel Rosa, de 29 anos, filho mais velho de Evaldo. O jovem conta que a família inteira está sem reação após o episódio: "Só eu e minha tia estamos em condições de dar suporte à minha família. Agora, imagina seu irmão de sete anos chegar chorando e perguntar sobre o pai? Eu não tenho o que responder, só abraço ele e choro", diz Daniel. 

O filho de Evaldo estava voltando da casa da sogra, em Belford Roxo, quando passou pelo local onde o pai havia acabado de morrer. Sem dar muita atenção a movimentação, ele foi embora para sua casa, onde recebeu a notícia dos amigos. "Ele era tudo o que eu tinha", diz, chorando, Daniel. 

Evaldo estava voltando de um chá de bebê com sua esposa, o filho de sete anos, uma cunhada e o sogro, quando militares do Exército dispararam, ao menos, 80 tiros contra o veículo em que a família estava. A suspeita é de que os militares tenham confundido o carro de Evaldo com o de criminosos da região. "Como um militar vai saindo alvejando uma família? Agora estão dizendo que meu pai era bandido. Como pode? Um trabalhador de bem. Como pode acontecer isso com um pai de família?", questiona, revoltado, o filho da vítima. 

A família do músico organiza um protesto, na tarde desta segunda-feira (8), cobrando explicações sobre o episódio, no local onde ocorreu a morte, em Guadalupe. 

Pela manhã, o jovem levou os documentos do pai no IML e ainda não decidiu onde fará o velório e enterro, que será custeado pelo chefe de Evaldo, na empresa em que trabalhava como segurança. "Já está ficando uma barbaridade", conclui Daniel Rosa. 

O caso

Evaldo dos Santos Rosa, de 51 anos, morreu em uma ação do Exército, que ocorreu por volta de 14h40 de domingo (7), na região de Guadalupe, zona oeste do Rio de Janeiro. A principal suspeita é de que os oficiais tenham confundido o carro da vítima com o de criminosos que passaram no local momentos antes. 

O músico voltava de um chá de bebê junto com sua esposa, o filho de sete anos, uma cunhada e o sogro. Ele iria deixar a família em casa e voltar ao trabalho, onde atuava como segurança. 

Quando passava pela Estrada do Camboatá, em Guadalupe, o carro em que os cinco estavam foi alvo de, ao menos, 80 tiros de militares do Exército. A suspeita é de que os oficiais tenham confundido o veículo da vítima com o de criminosos da região. 

O sogro de Evaldo, Sérgio Gonçalves, foi baleado nos glúteos e precisou ser socorrido ao Hospital Albert Schweitzer. Seu quadro é estável, afirmou Daniel Rosa. Um pedestre que passava próximo ao local também ficou ferido. Até o momento não se sabe o estado de saúde dele e nem a identificação.

Em vídeos compartilhados nas redes sociais é possível ver o momento que os militares disparam dezenas de vezes contra o carro branco, que está com todas as portas abertas e parado. Moradores do local gritam para os oficiais que eles se confundiram e "mataram a família inteira". 

Em nota, divulgada no domingo (7), o Comando Militar do Leste informou que os militares atiraram porque foram atacados por criminosos, e na investida conseguiram matar um assaltante e ferir outro. Em novo comunicado, enviado à imprensa na manhã desta segunda-feira (8), o CML afirma que todos os militares envolvidos irão prestar depoimento, assim como as testemunhas. O caso é supervisionado pelo Ministério Público Militar. 

De acordo com a Polícia Civil, no carro atingido pelo Exército não havia nenhum criminoso e ninguém estava armado. Todos eram da mesma família. 

Confira a íntegra da nota do Comando Militar do Leste: 

A fim de realizar uma apuração preliminar da dinâmica dos fatos ocorridos, foi determinado pelo Comandante Militar do Leste que sejam coletados os depoimentos de todos os militares envolvidos, bem como ouvidas todas as testemunhas civis, o que está em andamento, nesse momento, na Delegacia de Polícia Judiciária Militar ativada na Vila Militar. O Ministério Público Militar já foi informado e está supervisionando a condução dessas oitivas.

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