Réus são condenados pelas mortes no incêndio da Boate Kiss
Redação RedeTV! e Agência BrasilIncêndio em casa noturna matou 242 pessoas em Santa Maria
(Foto: Reprodução/TJ-RS)
O Tribunal do Júri do Foro Central de Porto Alegre definiu nesta sexta-feira (10) as sentenças dos quatro réus do incêndio da boate Kiss, ocorrido em 2013.
Após 10 dias de julgamento, os dois sócios da boate, Elissandro Callegaro Spohr e Mauro Lodeiro Hoffmann, e dois integrantes da banda Gurizada Fandangueira, Marcelo de Jesus dos Santos e Luciano Augusto Bonilha Leão, foram condenados pelo incêndio que matou 242 pessoas e deixou 636 feridos.
Os réus foram a júri popular após 8 anos do incidente , que aconteceu em 27 de janeiro de 2013, no município de Santa Maria. Inicialmente, o julgamento havia previsão de durar 15 dias, porém, a fase de depoimentos diminuiu devido à dispensa de testemunhas do caso. O corpo de jurados foi formado por seis homens e uma mulher.
Todos foram condenados por homicídio simples com dolo eventual, contudo, as qualificadoras foram afastadas, e eles responderam por homicídio simples. A existência, ou não, de dolo (quando o agente assume o risco de cometer o crime) ocupou o cerne dos debates ao longo de oito anos. No dolo eventual, o indivíduo, mesmo tendo previsão do resultado, opta por praticar o ato. O autor prevê, admite e aceita o risco de produzi-lo. Não quer, mas prevê o resultado e pratica.
Nenhum condenado será preso. Isso porque após o Tribunal de Justiça decretar habeas corpus a um dos réus, o juiz Orlando Faccini Neto estendeu o befefício aos demais envolvidos. Veja como ficou a sentença de cada condenado:
Elissandro Callegaro Spohr, sócio da boate - 22 anos e seis meses de prisão
Mauro Lodeiro Hoffmann - 19 anos e seis meses de prisão
Luciano Augusto Bonilha Leão, auxiliar da banda - 18 anos de prisão
Marcelo de Jesus dos Santos, vocalista da banda - 18 anos de prisão.
O júri do caso Kiss teve início no dia 1º deste mês. Passaram pelo plenário do Foro Central 28 depoentes, dos quais, 12 vítimas, 13 testemunhas e três informantes. Inicialmente, seriam ouvidas 34 pessoas, mas cada parte abriu mão de oitivas para otimizar o tempo dos trabalhos.
Tragédia
A tragédia na Boate Kiss foi no dia 27 de janeiro de 2013, na cidade gaúcha de Santa Maria. Todos os mortos foram vítimas de um incêndio, que começou no palco da boate e logo se alastrou, provocando muita fumaça tóxica. O fogo se iniciou quando um dos integrantes da banda disparou um artefato pirotécnico, atingindo parte do teto, forrado com espuma acústica, que pegou fogo.
O incêndio, que matou principalmente jovens, marcou a cidade de Santa Maria, conhecido polo universitário gaúcho, e abalou todo o país, pelo grande número de mortos e pelas imagens fortes. A boate tinha apenas uma porta de saída desobstruída. Bombeiros e populares tentaram, de todo jeito, abrir passagens quebrando os muros da casa, mas a demora no socorro acabou sendo trágica para muitos dos frequentadores.
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