Por hora, um motorista é multado por desrespeitar ciclista
Caio do Valle*/Agência EstadoAgentes de trânsito passaram a priorizar infrações previstas em três artigos do Código de Trânsito Brasileiro (CTB): 169, 197 e 220. A primeira trata de dirigir "sem atenção ou sem os cuidados indispensáveis à segurança". A outra versa sobre o ato de deslocar o veículo para a faixa mais à direita no instante de manobrá-lo. Por fim, está a não reduzir a velocidade antes de ultrapassar um ciclista.
São maneiras de dirigir que, no entendimento da CET, podem favorecer acidentes envolvendo quem está de bicicleta. Mas o enquadramento que trata diretamente da segurança dos ciclistas, anotado no artigo 220, só rendeu 19 multas no período - uma a cada 15 dias, aproximadamente.
Quem anda de bike nas vias paulistanas destaca que o trânsito se tornou um pouco mais 'simpático' aos ciclistas desde o aumento da fiscalização. Para a cicloativista Aline Cavalcante, de 27 anos, que há cinco pedala diariamente em São Paulo, outros fatores além da maior rigidez do monitoramento das vias da cidade estão por trás da mudança de atitude dos motoristas. "Creio que isso é o reflexo de várias coisas, como o aumento do número de pessoas usando as bicicletas e o fato de mais motoristas estarem andando nas ciclofaixas de lazer." Ela suspeita que, assim, velhos preconceitos sobre a locomoção por bikes têm caído por terra.
O cicloativista João Guilherme Lacerda, de 32 anos, concorda. "Incentivar as pessoas a circular mais de bicicleta é a melhor maneira de melhorar a segurança dos ciclistas", afirma ele, acrescentando que estatísticas internacionais mostram que, quanto maior o uso de bikes, menor é a quantidade de mortes de ciclistas nas ruas.
Um balanço das mortes de trânsito divulgado na semana passada pela CET revela que dois ciclistas morreram atropelados em janeiro e fevereiro na cidade de São Paulo - média de um por mês. No ano passado, quando foram registradas 52 mortes, a taxa era maior - de 4 ciclistas por mês. *colaborou Bruno Ribeiro