No Amapá, homem dá banho em morador de rua e faz apelo por ajuda

Deu banho no homem na rua mesmo (Foto: Reprodução/Facebook)

Comovido com um homem sentado no meio de uma rua no bairro Nova Esperança, em Macapá (AP), na manhã do domingo de Páscoa (27), o macapaense Bruno Teles resolveu intervir. Depois de ir em casa buscar algumas coisas, ele voltou ao local e deu um banho no homem, identificado apenas como Orlando, ali mesmo. 

"Não teve como a gente não ajudar vendo um homem naquela situação, todo defecado no meio da rua, com ônibus passando e risco de morrer atropelado", afirma Bruno ao portal da RedeTV!, explicando que o ele já está no local há duas semana, foi atropelado dias atrás e está impossibilitado de andar. 

A intervenção de Bruno, que é formado em direito, não parou ali. Depois do banho, ele comprou um lanche para o homem, fez apelo no Facebook e, com ajuda de algumas pessoas, conseguiu levar o morador de rua ao Hospital de Emergências (HE).

No dia seguinte, porém, Orlando havia voltado para a mesma rua. Ele conta que encontrou a família dele, mas os pais, que são idosos e muito humildes, não têm condições de cuidar do filho, que tem problemas mentais. 

Bruno ao lado do homem (Foto: Reprodução/Facebook)

Segundo Bruno, o pai de Orlando disse que o ele fica agressivo - o que os vizinhos negam - e, quando volta para casa, tem um lugar reservado do lado de fora. "O pai fez um casa de cachorro para o filho e dorme ali com os outros animais", explica ele.

Apesar de ele sempre voltar à rua, Bruno está disposto a ajudá-lo a qualquer preço. Ele informou o caso ao Ministério Público do Estado e a Defensoria Pública deu um prazo de sete dias para uma assistente social ir até o local para ver a situação do morador de rua e providenciar algum apoio.

Por enquanto, Bruno luta para conseguir abrigo para o homem. Ele está tentando buscar uma vaga na casa de apoio na cidade, que é mantida por um padre, mas como não há espaço nem condições de manter mais uma pessoa, o local informou que não poderá recebê-lo. Caso consiga, por meio de decisão judicial, que o local aceite abrigá-lo, ele pretende ajudar o local arrecadando doações.

Enquanto nada é decidido, Bruno continua indo ao local para prestar assistência ao homem. "Eu ando com as roupas [doadas] dentro do carro já, daí eu passo, dou banho e troco ele", explica, acrescentando que ainda demarcou o lugar onde Orlando costuma ficar para evitar novos acidentes. "Coloquei uns pedaços de madeira para sinalizar que ele está ali, pois é perigoso", diz ele.

Bruno ainda diz que, por mais que a história tenha chamado atenção nas rede sociais, não é todo mundo que está disposto a cooperar. "Muita gente se sensibiliza, mas na hora de ajudar ninguém ajuda", afirma ele. 

O homem volta sempre para a mesma rua, onde já está há 15 dias (Foto: Reprodução/Facebook)

Ele ainda cita o 'valor' da vida humana para os humanos. "Quando tem um animal que é vítima de maus-tratos, aparecem várias ONGs e delegacia do meio ambiente para ver quem fez aquilo. Não digo que o animal não mereça, mas que, às vezes, é tratado bem melhor que um ser humano", comenta ele. "Para ele, jogam um pedaço de manga como se fosse um porco", acrescenta. 

Nas publicações diárias na rede social sobre as condições do homem, que não teve o nome divulgado, Bruno divulgou seu número de telefone - (96) 98119-4416 - para quem estiver disposto a ajudar.