Mapas da crueldade contra animais indicam que a maioria dos psicopatas também torturam bichos
Redação/RedeTV!Cachorra Manchinha, que morreu a pauladas em um unidade de supermercado do estado de São Paulo (Foto: Divulgação)
A morte da cadela Manchinha a pauladas por um segurança de supermercado, no último dia 28, em Osasco, chocou o Brasil inteiro. Ativistas protestaram e famosos se manifestaram em suas redes sociais contra o ocorrido. Infelizmente, o caso está longe de ser isolado, mas mapas da crueldade contra animais têm ajudado a compreender e, assim, combater esse tipo de crime.
Nos Estados Unidos, por exemplo, desde a década de 70, a polícia de investigações norte-americana FBI cruza informações entre casos de maus-tratos contra animais e contra vítimas humanas; o resultado é surpreendente. Segundo a Agência de Notícias de Direitos Humanos (ANDA), o estudo aponta que cerca de 80% dos serial killers começam torturando e matando bichos.
No Brasil, a Delegacia Eletrônica de Proteção Contra Animais (DEPA), criada em 2016 por meio da Lei 16.303, de autoria do deputado Feliciano Filho (PRP-SP), também criou um mapa estadual da crueldade. Um dos objetivos do órgão, que de janeiro a novembro deste ano registrou mais de 8 mil denúncias, é estabelecer diretrizes para coibir maus-tratos contra os bichos, por meio da real punição dos agressores, e assim prevenir crimes contra pessoas.
“Em geral, os psicopatas começam matando animais e depois migram para vítimas humanas. Eles treinam nos animais indefesos. Nos EUA, quem mata animais passa a ser monitorado pelo FBI porque esses sujeitos são um perigo para animais de rua, animais domiciliados e para a sociedade em geral”, afirma Feliciano Filho.
Para ter uma base de dados própria, a delegacia tem fundamentado suas análises não apenas nas denúncias que recebe, como também em estudos em andamento no Brasil, a exemplo de pesquisa realizada pela Ordem dos Advogados do Brasil em Suzano, interior de São Paulo.
Por meio da Comissão de Proteção e Defesa Animal e com a ajuda da Delegacia da Mulher, a instituição tem cruzado informações sobre maus-tratos a animais e sobre violência doméstica. A constatação é de que quando os animais sofrem violência, esposa e filhos do agressor correm perigo. E em muitos casos de agressões contra filhos e esposas, os animais da casa também estiveram sujeitos à violência.
Cruzamento de dados resultou em um livro no Brasil
O capitão da Polícia Ambiental Marcelo Robis lançou, em 2016, o livro "Maus-tratos aos animais e violência contra as pessoas". A publicação é resultado de um estudo que levantou informações entre 2010 a 2012 de criminosos autuados pela Polícia Militar de São Paulo por maltratar bichos.
De um total de 643 casos, quase um terço possuía outros registros criminais, somando 595 crimes, 50% dos quais contra pessoas. Entre eles, apareceram 110 lesões corporais, 21 homicídios, 14 ameaças de morte e 12 roubos.