09/05/2018 09:36:00 - Atualizado em 09/05/2018 09:40:00

Delator do caso Marielle diz que está jurado de morte por miliciano

Redação/RedeTV!

(Foto: Divulgação)

A testemunha que ligou vereador e miliciano à morte da vereadora Marielle Franco e do motorista Anderson Pedro Gomes afirmou que está jurada de morte pelo miliciano Orlando Oliveira de Araújo, conhecido como Orlando de Curicica. A informação foi divulgada nesta quarta-feira (9) pelo jornal O Globo.

De acordo com a publicação, Orlando está preso em Bangu 9 desde outubro do ano passado, mas, de dentro de cadeia, continua controlando diversas favelas na região de Jacarepaguá. 

O homem que delatou o caso se afastou da milícia em setembro do ano passado, mas antes ouviu que o vereador Marcello Siciliano (PHS) e o ex-PM queriam a morte da vereadora. O delator procurou as autoridades em troca de proteção.

O relato da testemunha

Segundo informações obtidas pelo jornal, o homem deu três depoimentos à Divisão de Homicídios (DH) da Polícia Civil, nos quais falou sobre datas, horários e até mesmo locais de reuniões sobre o vereador e o miliciano, que teriam começado a acontecer em junho do ano passado. 

A testemunha contou ter presenciado ao menos quatro conversas entre o vereador e o ex-policial, que ainda chefia uma milícia na zona oeste. Ele entregou ainda o nome de quatro homens que teriam sido escolhidos para cometer o crime e que agora estão sendo investigados pela polícia. Uma das conversas teria acontecido em junho do ano passado em um restaurante. 

“Eu estava numa mesa, a uma distância de pouco mais de um metro dos dois. Eles estavam sentados numa mesa ao lado. O vereador falou alto: “Tem que ver a situação da Marielle. A mulher está me atrapalhando”. Depois, bateu forte com a mão na mesa e gritou: “Marielle, piranha do Freixo”. Depois, olhando para o ex-PM, disse: “Precisamos resolver isso logo””, contou a testemunha, referindo-se a um menção feita ao deputado estadual Marcelo Freixo (PSOL), de quem Marielle foi assessora durante a CPI das Milícias, na Assembleia Legislativa do Rio.

Procurado pela reportagem do jornal, Siciliano negou conhecer Orlando e afirmou que se trata de uma “notícia totalmente mentirosa”. 

O caso

Carro atingido por tiros (Foto: Reprodução/RedeTV!)

Marielle foi morta após participar um evento que reunia jovens negras, na Lapa, no centro do Rio, na noite de 14 de março. Ela estava com a assessora e o motorista do carro, Anderson Pedro Gomes, que também faleceu, quando o veículo foi emparelhado foi outro e alvejado por ao menos 13 tiros. 

A vereadora foi atingida por quatro tiros na cabeça. Anderson, que era casado e tinha um filho pequeno, recebeu pelo menos três disparos nas costas. A assessora acabou atingida por estilhaços e não sofreu ferimentos mais graves. 

A perícia apontou que todos os disparos foram efetuados por arma de calibre 9 mm e que a munição utilizada fazia parte de lotes vendidos para a Polícia Federal. Nove cápsulas foram encontradas no local. 

A polícia trabalha com a suspeita de execução e acredita que o veículo foi perseguido por cerca de 4 km. As autoridades ainda apuram se um segundo carro teria participado dos assassinatos

Marielle, de 38 anos, era uma conhecida ativista do movimento negro, defensora de minorias sociais e crítica da violência policial no Rio, além de ter sido a quinta vereadora mais votada nas eleições de 2016. Desde 28 de fevereiro, ela atuava como relatora de uma comissão da Câmara dos Vereadores criada para fiscalizar a intervenção federal no Rio.

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