Afastados, PMs que executaram jovem com 10 tiros não devem voltar à corporação
Por Luís Adorno/RedeTV!Os PMs (policiais militares) Gilberto Dartora e Rodrigo Gimenez Coelho, que executaram Thiago Vieira da Silva, de 22 anos, na noite de 9 de dezembro de 2014, no Jardim São Luís, zona sul de São Paulo, não devem voltar à ativa. A afirmação foi dada à RedeTV! por mais de uma fonte ligadas à SSP (Secretaria da Segurança Pública) e que acompanham o caso. No entanto, o inquérito policial militar ainda está em andamento.
Os agentes foram identificados e afastados após uma série de reportagens desenvolvidas em parceria entre o portal da RedeTV! e a equipe do RedeTV News. Dartora e Coelho, da 1ª Companhia do 1º Batalhão da Polícia Militar, não respeitaram a orientação dada a todos os agentes de segurança pública do Estado de São Paulo, conhecida como método Giraldi, que determina apenas dois disparos para conter um suspeito. Os policiais atiraram 10 vezes contra Thiago, sendo que, depois do primeiro, o jovem já desacordou.
Após Thiago Vieira da Silva clamar socorro, desesperado, três vezes, o policial Gilberto Dartora deu quatro disparos seguidos. Depois, o PM Rodrigo Gimenez Coelho, que estava na cobertura, também atirou. Ao todo, o jovem foi alvejado 10 vezes. Um morador da região afirma que, depois da execução, os policiais voltaram ao local para revistar os celulares das pessoas. “Chegou, apontou a arma e falou para mim virar pra parede, e pediu o celular. Queria ver se tinha vídeo”, disse.
Só depois de 10 dias da execução, o subprocurador geral institucional do MP (Ministério Público) de São Paulo, Gian Paolo Poggio Smanio, assinou o despacho para que houvesse investigação da Promotoria sobre os policiais militares. Para que isso ocorresse, um ofício da Ouvidoria das Polícias de São Paulo e da prefeitura chegou a MP. Os documentos, porém, chegaram ao órgão quatro dias antes da assinatura do despacho.
Faltando seis dias úteis para o fim de 2014, o MP afirmou que o caso seria investigado apenas em 2015. Os motivos não foram informados. Até o momento, o órgão responsável pela investigação, o Gacep (Grupo de Atuação Especial para o Controle Externo de Atividade Policial), não concluiu o caso, que segue em andamento.
O ouvidor das polícias de São Paulo, Julio Cesar Neves, condenou a abordagem dos policiais. “O policial militar não está aí para matar alguém, para executar uma sentença de morte. O policial militar está aí para prender e para levar esse cidadão para um distrito policial”, afirmou. A Ouvidoria pediu ao MP (Ministério Público), ao DHPP (Departamento de Homicídio e Proteção à Pessoa) e à Corregedoria da Polícia que investiguem o caso.
Em nota, a SSP afirmou que os PMs prenderam em flagrante Leandro Pereira dos Santos, de 20 anos, com uma bolsa carregada de drogas, depois de a corporação ter sido acionada para atender uma denúncia de tráfico. A pasta afirma que o rapaz detido se entregou, e Thiago, tentou fugir. A SSP afirma, ainda, que ao lado do corpo foi encontrado um revólver calibre 38. Versão desmentida por todos aqueles que presenciaram a execução.
Veja mais:
>>> Jovem pede socorro antes de ser alvejado por PMs na zona sul de SP
>>> PMs que executaram jovem na zona sul de SP são identificados
>>> Afastados, PMs que executaram jovem com 10 tiros em SP serão investigados
>>> RedeTV News: Exclusivo: mãe de jovem morto por PMs contesta versão da polícia
>>> RedeTV News: Vídeo mostra execução de jovem por policiais
>>> RedeTV News: Ouvidoria quer investigar execução de jovem em SP
>>> Vídeo: PMs disparam 10 vezes contra jovem na zona sul de SP
>>> PM mata seis vezes mais que Polícia Civil em São Paulo
>>> PM mata 7 em SP nas 36h após atentado contra Rota
>>> Prefeitura divulga nota de pesar
>>> MP só vai investigar PMs que executaram jovem em SP no ano que vem