Morte de Diego Armando Maradona completa 1 ano
Gustavo Garcez/Redação RedeTV!Relembre vida e carreira de glórias e polêmicas do ídolo do Boca Juniors, Barcelona, Napoli e seleção argentina
(Foto: AP)
"Professor, eu tenho um amigo que é melhor do que eu. Posso trazê-lo na próxima semana?"
Essa foi a pergunta que Goyo Carrizo fez a um técnico do Argentino Juniors que realizava uma peneira em Buenos Aires, no ano de 1969. O amigo era ninguém menos que “El Pibe de Oro" (o garoto de ouro), ou Diego Armando Maradona, um dos maiores jogadores da história do futebol, que morreu aos 60 anos, há exatamente um ano, no dia 25 de novembro de 2020, após sofrer uma parada cardiorrespiratória, na cidade de Tigre, região metropolitana de Buenos Aires.
Maradona será eternamente lembrado pela conquista da Copa do Mundo de 1986 e, principalmente, pelas quartas de final da competição entre Argentina e Inglaterra, quando marcou dois gols: um com a mão, o apelidando de “Mano de Dios” (mão de Deus) e o outro, considerado o mais bonito dos Mundiais, em que driblou praticamente a equipe inglesa inteira antes de balançar a rede.
O argentino também é um dos maiores ídolos do Boca Juniors (Argentina), Barcelona (Espanha) e Napoli (Itália).
Uma vida polêmica
Apesar do craque indiscutível que foi, fora dos gramados, no entanto, Diego Maradona acumulou polêmicas. Em 1991 ele foi suspenso por 15 meses por uso de cocaína. Na Copa de 1994, ele foi pego no doping pelo uso de efedrina e precisou ser retirado de campo em uma partida, acompanhado de uma enfermeira. No início dos anos 2000, o craque da seleção albiceleste teve uma overdose após ingerir um coquetel de remédios e ficou em coma por dias, chegando muito perto de morrer.
Além dos problemas com as drogas, a vida pessoal de Maradona era constantemente noticiada por conta da infidelidade com sua ex-esposa, Claudia Villafãne, com quem namorou na adolescência, casou em 1989 e se separou em 2004. Com Claudia, o ex-jogador também teve duas filhas. Outros quatro foram de relações extraconjugais.
Recentemente, o argentino foi acusado pela cubana Mavys Alvarez, com quem supostamente teve um relacionamento há duas décadas, de estuprá-la quando tinha 16 anos. Mavys afirma que, em 2001, Maradona a forçou a ter relações sexuais em uma clínica anti-drogas, onde ele estava hospedado. O Ministério da Justiça argentino investiga o caso.
Vitorioso na Argentina e na Europa
Argentino Juniors
Maradona estreou como profissional em 1976, quando tinha 15 anos, vestindo a camisa do Argentino Juniors. Ele se tornou o jogador mais jovem a atuar como profissional e foi artilheiro da equipe em cinco competições entre 1978 e 1980. Em 1981, o Boca Juniors, que não vencia um título nacional desde 1976, foi atrás do craque que sempre se declarou um torcedor xeneize. Posteriormente, o Argentino Juniors renomeou seu estádio com o nome de Diego Armando Maradona.
Boca Juniors
Após um empréstimo do Argentino Juniors, foi com o Boca que Maradona conquistou seu primeiro título na carreira e começou a chamar a atenção dos clubes europeus. Fazendo dupla com Miguel Ángel, juntos marcaram 33 dos 60 gols que levaram a equipe ao título metropolitano (competição que reunia os clubes da grande Buenos Aires e era considerado mais importante que o campeonato nacional).
Barcelona
Na Catalunha, Maradona chegou como um messias, no final de 1982. O Barcelona tinha vencido seu último título nacional em 1974 e via o maior rival, Real Madrid, colecionar conquistas e mais conquistas. Durante sua passagem curta e conturbada, o argentino trouxe a glória para o Barça com a conquista da Copa do Rei de 1983, marcando nos dois jogos da decisão contra o Madrid.
No início da temporada de 1984, Maradona levou uma entrada violenta de um jogador do Athletic Bilbao e acabou fraturando o tornozelo esquerdo. A lesão o tirou dos gramados por mais de 100 dias e, após retornar, conseguiu levar o Barcelona a mais uma final de Copa do Rei, justamente contra o Athletic. Na ocasião, o craque argentino iniciou uma briga generalizada que acabou culminando em sua saída do clube catalão.
Napoli
Durante sua trajetória no Napoli, Maradona vivenciou o auge de sua carreira. Ele chegou ao clube italiano na temporada de 1984-85 e ficou até 1991. O argentino chegou à Itália e foi recebido como um rei. No Napoli, ele fez uma parceria de sucesso com o atacante brasileiro Careca.
O período de Maradona na Itália rendeu bons frutos ao clube que antes de sua chegada só tinha conquistado dois troféus de destaque: a Copa Itália de 1961-62 e 1975-76. Juntos, Napoli e Maradona venceram uma Copa Itália, em 1987, duas Serie A, em 1987 e 1990, uma Copa da UEFA (atual Europa League, em 1989) e a Supercopa da Itália, em 1990.
(Foto: AP)
Foi também durante sua passagem pelo Napoli que uma das maiores polêmicas da vida do ex-jogador veio à tona: Cristina Sinagra, sua ex-empregada doméstica, divulgou que Maradona é pai de seu filho, Diego Sinagra. O craque negou a acusação por décadas e, somente em 2016, quando ele já tinha 29 anos, assumiu a paternidade.
Sevilla, Newell’s Old Boys, retorno ao Boca Juniors e carreira como técnico
Antes de encerrar a carreira, Maradona também teve passagens curtas pelo Sevilla, da Espanha, e pelo Newell’s Old Boys, da Argentina.
Em 1995, voltou ao Boca, onde encerrou a carreira em um superclássico contra o River Plate, em 1997. A partida é considerada uma “passagem de coroa” do ídolo para o jovem Juan Román Riquelme que iniciava sua carreira, também vitoriosa, no clube argentino.
Antes de retornar ao Boca Juniors, Maradona quase vestiu a camisa 10 de Pelé no Santos. Apesar da rivalidade que foi criada entre os dois ao longo dos anos, o Rei do Futebol deu o aval para o Alvinegro. O Santos tentou realizar a transação que animou o craque argentino, mas os altos custos da transferência impossibilitaram a presença do maior jogador da Argentina nos gramados brasileiros.
(Foto: Divulgação/SantosFC)
Após encerrar a carreira como jogador, “El Pibe de Oro” também passou, como técnico de futebol, pela seleção da argentina, quando disputou a Copa do Mundo de 2010, e por equipes árabes, do México e da Argentina.
Homenagens
(Foto: AP)
Com o aniversário de morte de Diego Maradona, diversas homenagens estão previstas para acontecer nesta quinta-feira (25). Entre elas, a inauguração de uma estátua na cidade de Nápoles, na Itália. A obra será instalada em frente ao antigo estádio San Paolo, que agora leva o nome de Diego Armando Maradona.
A estátua, de tamanho real, foi construída por Domenico Sepe, a pedido da municipalidade, e contará com a presença de Diego Junior durante a inauguração.
O Rei do Futebol também prestou uma homenagem ao camisa 10 argentino. Em suas redes sociais, Pelé destacou a saudade do amigo. "Amigos para sempre", escreveu
Um ano sem Diego. Amigos para sempre. // One year whithout Diego. Friends forever. pic.twitter.com/7uVSvYQXEi
— Pelé (@Pele) November 25, 2021
No dia 29 de outubro deste ano estreou a série da Amazon Prime Video “Diego Maradona: Conquista de um Sonho”, um dia antes do aniversário do ídolo argentino. O show conta a história de vida do craque e não deixa de fora as polêmicas. “Dios” é o 10º e último episódio da série e vai ao ar nesta quinta (25).