Considerado 'vilão' nos 7 a 1 do Vasco contra o São Paulo, Alencar se arrepende de ter entrado em campo
José Ayan Júnior/RedeTV!
São Paulo foi o único clube considerado grande na carreira de Alencar
(Foto: Divulgação)
Há quase 14 anos, o São Paulo foi até São Januário para enfrentar o Vasco e voltou para casa com o pior revés de sua história no Campeonato Brasileiro. Com três gols de Romário, os cariocas foram impiedosos, acabaram com uma invencibilidade de sete partidas do Tricolor e aplicaram uma sonora goleada de 7 a 1 naquele 25 de novembro de 2001.
Alencar, goleiro reserva que substituiu Rogério Ceni, expulso logo aos seis minutos do primeiro tempo, foi considerado pela torcida e imprensa como o vilão do vexame. Hoje, aposentado aos 40 anos, Alencar revela que não tinha condições físicas ideias para entrar em campo e se arrepende de ter ido para o jogo.
"Estava há dois meses parado. Vim de uma lesão antes daquele jogo, só estava correndo em volta do campo. Mas aí o Roger (reserva imediato) se machucou no treino de dois toques e o quarto goleiro foi para a concentração com o time juvenil. Fui convencido a ir para a partida e me arrependo. Se eu tivesse a experiência de hoje teria recusado", desabafou o ex-arqueiro em entrevista exclusiva ao portal da RedeTV!.
O lance que marcou a desastrosa atuação do São Paulo na partida foi justamente o tento que inaugurou o massacre. Gilberto, lateral esquerdo com passagens pela seleção brasileira, arriscou um chute despretensioso da entrada da área e Alencar aceitou, praticamente posicionado no meio do gol.
"Eu acabei falhando no primeiro gol, mas acontece. Grandes goleiros como o Marcos falharam da mesma forma", minimizou.
"Fiquei 3 anos no São Paulo. As coisas não aconteceram como a gente queria. Você num clube grande tem uma grande estrutura para trabalhar, mas naquela época o Rogério já era ídolo. O goleiro que chega hoje no São Paulo é muito bem recebido porque o Rogério já está parando. Na época, tive uma conversa com o Nelsinho Baptista e decidi sair", disse.
Apesar da concorrência por uma vaga embaixo das traves, Ceni foi um dos poucos amigos que Alencar fez durante a carreira no meio futebolístico.
"As pessoas que não o conhecem falam que é arrogante, mas ele procura ajudar todo mundo. Posso dizer que tive um grande amigo dentro do São paulo, um cara sensacional, de grupo, e que enquanto tiver condições de jogar vai pedir para permanecer. Aprendi muito com ele em campo", elogiou o companheiro de posição.
Fazendo um balanço da carreira, ele garante que os momentos positivos foram superiores aos negativos e aponta os times que criou maior identificação durante os 19 anos como jogador de futebol.
"O XV de Piracicaba é o principal porque abriu as portas para mim no futebol. O Londrina me revelou, mas não tive muitas chances por ser só uma promessa. Tenho muito carinho pelo Gama também, até conquistamos um acesso (em 2004) para a Série B enquanto o Wagner Marques (presidente) estava lá. A segunda passagem é que não foi boa, não concordava com o pensamento de algumas pessoas e pedi demissão", contou Alencar, que viu no time do Distrito Federal o capítulo final da trajetória como profissional.
Arqueiro encerrou a carreira profissional no Gama (Foto: Divulgação/Gama)
Novo projeto
Atualmente morando em Londrina, sua terra natal, Alencar seguiu os passos de jogadores que penduraram as chuteiras e continuam a se dedicar a outras atividades no meio do futebol. O ex-goleiro inaugurou, em 2012, uma escola exclusiva para atletas de sua posição: A Escola de Formação de Goleiro 01.
"A escola começou a partir de uma ideia minha. Passei por 12 clubes e vi que havia uma necessidade de melhorar o nível dos goleiros. Alguns até tinham altura, mas não tinham fundamentos. Hoje, tenho goleiros formados aqui que estão no sub-15 do Fluminense e do Avaí, além de meninos que estão sendo observados por Grêmio e São Paulo e ainda não podem ficar em alojamentos fora do estado", contou.
O número '01' foi uma homenagem ao amigo Rogério Ceni (Foto: Reprodução/Facebook)
O projeto vai tão bem que o paranaense nem cogita deixar de trabalhar com os jovens para se aventurar como preparador de goleiros em equipes de maior expressão.
"O Grêmio Uninorte abriu as portas para mim, então por enquanto não penso em sair daqui. O que a gente vê são os preparadores dos juvenis querendo ser melhores do que os do profissional. Não há uma integração", lamentou.