O líder do governo no Senado, senador Delcídio do Amaral (PT-MS), e o presidente e controlador do BTG Pactual, o banqueiro André Esteves, foram presos na manhã desta quarta-feira (25), por suspeita de obstruírem a Operação Lava Jato, que investiga um esquema bilionário de corrupção que envolve a Petrobras.
Delcídio teve prisão preventiva decretada, ou seja, sem prazo para ser liberado. Já Esteves está sob prisão temporária de cinco dias, que pode ser estendida pelo mesmo prazo, segundo o Supremo Tribunal Federal (STF).
Delcídio do Amaral ofereceu R$ 50 mil mensais a Cerveró, diz PGR
O ministro Teori Zavascki, responsável pelas ações decorrentes da Lava Jato no STF, disse que Delcídio foi acusado de ter supostamente negociado oferta de fuga ao ex-diretor da área Internacional da Petrobras Nestor Cerveró em troca de silêncio nas investigações da operação.
O senador chegou a oferecer R$ 50 mil mensais para a família de Cerveró para que ele aceitasse a delação premiada ou, se fechasse, que não o citasse no depoimento. As reuniões entre Delcídio, André Esteves e Cerveró foram gravadas por Bernardo Cerveró, filho do ex-diretor da Petrobras.
Os três chegaram a discutir rotas para Cerveró fugir do país. O plano era que ele viajasse primeiro ao Paraguai e, de lá, para a Espanha.
Em delação, Cerveró acusou Delcídio de participação em desvio de recursos na compra pela Petrobras da refinaria de Pasadena, nos Estados Unidos.
Delcídio ficará detido em uma sala na Superintendência da PF em Brasília enquanto aguarda nova decisão do STF sobre a detenção. Policiais federais também cumpriam mandados de busca e apreensão nesta manhã no gabinete do senador no Congresso Nacional.
É a primeira vez no Brasil que um parlamentar cumprindo mandato é preso. A Constituição determina que o Supremo deve enviar informações sobre o processo em 24 horas para o Legislativo deliberar, em plenário, sobre a prisão.
Lideranças do PT estavam reunidas a portas fechadas no Senado nesta manhã.
Delcídio, que além de ser líder do governo no Senado também é presidente da Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) da Casa, é engenheiro e foi ministro de Minas e Energia por um breve período no fim de 1994, no governo Itamar Franco. Ele também integrou a diretoria de Gás e Energia da Petrobras.
A prisão do líder do governo no Senado acontece num momento em que o governo da presidente Dilma Rousseff precisa aprovar matérias importantes no Congresso, como a mudança da meta fiscal deste ano.
Está prevista para esta quarta-feira sessão do Congresso para análise de vetos de Dilma e votação da Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) de 2016 e do projeto com a nova meta fiscal de 2015.
PRISÃO DE ESTEVES
O presidente e acionosta controlador do BTG Pactual, foi preso em sua casa no Rio de Janeiro. Documentos foram apreendidos em sua residência e na sede do banco em São Paulo, de acordo com uma fonte ouvida pela Reuters.
O bilionário de 47 anos vem guiando o BTG Pactual por momentos turbulentos no mercado brasileiro de capitais, à medida que a economia enfrenta período de recessão. Nos anos recentes, ele também ampliou as apostas para investimentos mais arriscados, como hipotecas nos Estados Unidos, crédito global e ativos de mercados emergentes.
Esteves possui patrimônio de cerca de 2,2 bilhões de dólares, de acordo a revista Forbes. O BTG Pactual é o sexto maior banco do Brasil e o maior banco de investimentos independente da América Latina.
Procurado, o BTG Pactual informou, por meio de sua assessoria de imprensa, que a instituição "está à disposição das autoridades para prestar todos os esclarecimentos necessários e vai colaborar com as investigações".