Efeito Matrix: Metaverso pode potencializar dependência das redes e se confundir com a realidade, alerta Diego Gil
O mentor comportamental e digital explica que, assim como no filme Matrix, realidade e simulação podem se confundir ao ponto da vida criada no metaverso
Quem nunca se perguntou se está vivendo a realidade ou uma simulação? Em um futuro próximo, os maiores devaneios da ficção científica, como a da trilogia Matrix, podem deixar de ser apenas coisa de cinema. Isso porque o metaverso pode modificar a forma como as pessoas vivem, sentem e entendem a realidade.
No imaginário popular, a forma como o metaverso se traduz na realidade ainda é figurativa — no geral, a grande maioria das pessoas enxerga esse avanço digital como uma sociedade virtual, com avatares, algo similar ao que acontece no The Sims, mas com efeitos diretos na vida real. De acordo com o mentor digital e comportamental Diego Gil, essa analogia, apesar de ser pertinente, não abrange a magnitude do impacto do metaverso no cotidiano e na vida das pessoas.
“Isso passa a ideia de que o metaverso é como se fosse um jogo, do qual você participa apenas se quiser, porém não é bem assim. Quantas pessoas que você conhece hoje não usam Instagram? Quantas não usam Whatsapp? É uma parcela quase nula, e mais: falar que não usa alguma dessas ferramentas é quase uma transgressão. Você não pode chegar ao seu chefe e dizer que se recusa a usar o Whatsapp, sendo que ele é essencial para o funcionamento de todas as empresas hoje, por exemplo. Da mesma forma, o metaverso não virá como algo opcional, mas com fonte de integração social obrigatória, que irá transformar a realidade. Reuniões acontecerão por ali, encontros, festas, relacionamentos, é literalmente a criação de uma segunda vida que, com o passar do tempo, valerá mais que a primeira”, explica.
Essa realidade, segundo Diego Gil, não apenas valerá mais que o mundo físico como vai se confundir com ele, a exemplo, do filme Matrix, onde seres humanos, viviam uma simulação a vida inteira. No metaverso, ao se deparar com a possibilidade de criar uma versão melhorada de si mesmo, as pessoas poderão criar um efeito de vida ilusória mais potente do que o que já existe atualmente, como é o caso das pessoas que vendem uma vida perfeita no Instagram, enquanto no íntimo, o relacionamento, a vida financeira e o trabalho não andam bem.
“As pessoas já fantasiam nas redes sociais, criando a própria realidade, vivendo em um mundo de Alice, quase uma esquizofrenia. No metaverso isso de colocar mais importância na vida que se compartilha, do que na que se vive, irá se potencializar ao máximo. Se eu, por exemplo, tenho incapacidade de me comunicar devido à timidez ou medo do que as pessoas vão pensar, ao criar uma outra vida no metaverso, vou deixar de trabalhar esse problema e consequentemente de superá-lo. Como no metaverso você não se expõe por inteiro, há um filtro, a terrível consequência é que você deixa de se preparar para o mundo real, com isso as relação se tornarão ainda mais líquidas, até mesmo em um namoro, as pessoas ficarão mais distantes”, alerta.
Para Diego Gil, a nível das relações interpessoais, isso é péssimo, pois gera indivíduos cada vez menos preparados para interagir, para experienciar e superar vivências de rejeição, para se expressarem sem medo. O resultado serão seres humanos cada vez menos focados no aprimoramento de habilidades e cada vez mais dependentes de tecnologia. A evolução digital é o sacrifício da vida pessoal, nesse caso.
O mentor digital e comportamental vai além: não duvida que a indústria irá fomentar cada vez mais as vantagens de viver dedicado a essa realidade criada. “Em um mundo no qual o produto de maior desejo das bigtechs é nossa atenção, isso não é nem um pouco futurístico de se imaginar. Pode ser algo assemelhado a um transe, onde até mesmo a alimentação e as necessidades fisiológicas sejam terceirizadas em nome desse sonho, dessa realidade vivida no metaverso. O filme A Origem, com Leonardo DiCaprio, trabalha bem essa analogia. Nele as pessoas se apegam tanto à vida que criaram dentro de seus sonhos, que ficam dopados, de forma clandestina, para fugirem da própria vida, da realidade”, exemplifica.
Entretanto, assim como na internet conhecida atualmente, saber usar o metaverso com equilíbrio — o que segundo o especialista é um desafio — também mostra benefícios. “O principal deles é o dinamismo, você conseguirá se conectar com facilidade às pessoas do mundo inteiro, e apesar da internet atual possibilitar isso, a diferença é que essa conexão se aproximará muito mais do real. Em breve teremos estímulos emocionais, com os óculos de projeção, com os quais você terá como ter a sensação de realmente se teletransportar para outro ambiente, como um show, ou mesmo de olhar uma pessoa nos olhos ao conversar, mesmo você estando na sua casa e ela na dela. A grande questão é apenas a dependência que isso pode causar”, alerta Diego Gil.
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