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Temer volta a negar renúncia: "Se quiserem, me derrubem"

O presidente da República Michel Temer voltou a negar a possibilidade de renunciar ao cargo. Em entrevista publicada na edição desta segunda-feira (22) do jornal Folha de S. Paulo, o político se defendeu das acusações surgidas na última semana, após acorde de delação dos empresários Joesley e Wesley Batista, donos da JBS. “Se quiserem, me derrubem, porque, se eu renuncio, é uma declaração de culpa”, disse.

Temer avalia que “foi ingênuo” ao receber Joesley Batista e defendeu que o fato de o encontro não constar na agenda oficial não é algo ilegal. “Não é da minha postura ao longo do tempo”, declarou. O presidente também afirma que não sabia que o empresário, então alvo de três de operações, estava sendo investigado.

[leiamais]Sobre o conteúdo dos áudios gravados por Joesley, Michel Temer diz que “o que o empresário fez foi induzir uma conversa” e nega que o fato de ouví-lo relatando crimes e não acusá-lo possa ser considerado prevaricação. “Muita gente me diz as maiores bobagens que eu não levo em conta”, afirma.

Michel Temer também falou sobre seu ex-assessor e deputado federal Rodrigo Rocha Loures, filmado com uma mala de dinheiro. Segundo o presidente da República, a relação dos dois é somente “institucional” e desde o surgimento do episódio eles não se falaram. “Sempre tive convicção que ele tem muito boa índole. Agora, que esse gesto não é aprovável”, declarou.

Investigação

O Conselho Federal da Ordem dos Advogados do Brasil decidiu que vai protocolar nos próximos dias na Câmara dos Deputados um pedido de impeachment contra o presidente Michel Temer.

O presidente já é alvo de um inquérito no Supremo Tribunal Federal por corrupção passiva, obstrução à Justiça e organização criminosa. A investigação foi autorizada pelo relator da Lava Jato no STF, ministro Edson Fachin, após a divulgação de gravação feita por Batista durante encontro com Temer no Palácio do Jaburu. Em delação, o empresário afirmou que o presidente tentou "comprar o silêncio" do ex-deputado Eduardo Cunha, preso pela Operação Lava Jato. 

No sábado (20), após pronunciamento de Michel Temer apontando manipulação no áudio de sua conversa com Joesley Batista, o ministro Edson Fachin encaminhou o recurso da defesa do presidente com pedido de suspensão do inquérito para análise pelo plenário do STF.