Samira Bueno classifica como "anormal" número de mortes em operações policiais em SP
A diretora-executiva do Fórum Brasileiro de Segurança Pública diz que a violência policial não pode ser banalizada
(Foto: Divulgação/ RedeTV!)
Na véspera do Dia Internacional da Mulher, o “É Notícia” desta quinta-feira (7) recebe Samira Bueno, diretora-executiva do Fórum Brasileiro de Segurança Pública.
Em entrevista a Kennedy Alencar, a socióloga criticou as operações realizadas pela Secretaria de Segurança Pública do Estado de São Paulo. Na visão dela, a alta taxa de letalidade policial é “anormal”. “O que tem acontecido em São Paulo é um ponto fora da curva. É algo anormal, inclusive, para o padrão de uso da força da Polícia Militar de São Paulo.”
A diretora ressaltou que, com o início das políticas adotadas pelo governo de Tarcísio de Freitas, os números de mortes provocadas pela polícia aumentaram. A gestão do secretário da Segurança Pública de SP, Guilherme Derrite, também foi criticada por Samira. Segundo ela, os próprios policiais ficam mais expostos à violência, o que é causado pela vulnerabilidade das medidas de segurança no estado. “Os policiais ficam vulneráveis com esse tipo de política (…) O policial pode fazer uso da força, mas isso não pode ser banalizada.”
Segundo Samira, uma política de segurança pública mais dura dá votos. O mesmo, ela avalia, vale para o Estado da Bahia, que tem a PM com maior taxa de letalidade no país. Para Samira, o discurso “bandido bom é bandido morto” acaba se tornando um tema difícil para esquerda debater.
“Esquerda e direita não têm diferença na Segurança Pública (…) Rui Costa optou por ter uma polícia mais violenta, esse é o calcanhar de Aquiles do Governo Federal ao falar de segurança (…) Como o governo Lula vai cobrar da gestão Tarcísio do excesso do uso da força? Quando a Bahia gerida pelo próprio partido com o maior número de pessoas mortas em intervenções”, disse Samira.
Em meio à discussão sobre a violência policial, Samira relembrou que o uso da câmera de segurança em SP foi um projeto elaborado pela própria polícia do Estado. “Lutar contra o avanço da tecnologia não faz sentido!”
Dados da violência contra as mulheres
Segundo levantamento do Fórum Brasileiro de Segurança Pública (FBSP), no ano passado, foram mortas 1,4 mil mulheres. O crescimento do feminicídio é visto por Samira como retrocesso de políticas públicas, um problema agravado pelo governo Bolsonaro.
Para a diretora-executiva, a violência contra a mulher está enraizada na cultura machista do país. “Quando a gente fala da violência contra a mulher, o feminicídio é a última faceta de uma violência que vai se desdobrando de diferentes formas. Quando falamos disso, estamos falando de uma violência que tem raízes culturais, de que a mulher é propriedade do homem, que ela não pode ter autonomia”, declarou Samira.
A posse de arma de fogo, na visão de Samira, pode ser responsável pelo crescimento dos casos de feminicídio.
O caso de condenação do ex-jogador de futebol Daniel Alves também foi tema da entrevista. A diretora considerou que, para o Brasil chegar a punir estupradores como ocorreu na Espanha, é necessária uma mudança cultural.
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