PGR vai investigar Temer por corrupção passiva, obstrução e organização criminosa
O procurador-geral da República, Rodrigo Janot, protocolou um pedido de abertura de inquérito contra o presidente Michel Temer (PMDB) por envolvimento em ao menos três crimes: obstrução de Justiça, corrupção passiva e organização criminosa. O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) e relator da Operação Lava Jato, Edson Fachin, autorizou a abertura de investigação contra o presidente.
Janot afirmou que as provas mostram "que alguns políticos continuam a utilizar a estrutura partidária e o cargo para cometerem crimes em prejuízo do Estado da sociedade. Com o estabelecimento de tarefas definidas, o núcleo político promove interações diversas com agentes econômicos, com objetivo de obter vantagens ilícitas, por meio da prática de crimes, sobretudo com corrupção. Há, pois, também o indicativo da prática do delito organização criminosa previsto na lei 12.850/2013".
"Além disso, verifica-se que Aécio Neves, em articulação, dentre outros, com o presidente Michel Temer, tem buscado impedir que as investigações da Lava Jato avancem, seja por meio de medidas legislativas, seja por meio de controle de indicação de delegados de polícia que conduzirão os inquéritos", disse Janot.
"Desta forma, vislumbra-se também a possível prática do crime de obstrução à Justiça", completou o procurador-geral da República.
A Procuradoria afirma que o senador teria "organizado uma forma de impedir que as investigações [Lava Jato] avançassem por meio da indicação de delegados que conduziriam os inquéritos, direcionando as distribuições."
O pedido de abertura veio após a delação premiada dos donos do grupo JBS, os irmãos Joesley e Wesley Batista. Segundo os dois, Temer autorizou o pagamento de propina para o ex-deputado Eduardo Cunha (PMDB-RJ) em troca de seu silêncio.