Emílio Odebrecht diz que propinas continuaram por mais um ano após início da Lava Jato
A Odebrecht deu continuidade à distribuição de propinas e de dinheiro para caixa dois de políticos por pouco mais de um ano depois que a Polícia Federal (PF) e o Ministério Público Federal (MPF) começaram os trabalhos da Operação Lava Jato, em março de 2014. A informação consta na delação premiada de Emílio Odebrecht, patriarca do grupo, segundo informações do jornal Folha de S. Paulo.
Em depoimento concedido ao MPF, o engenheiro disse que os atos ilícitos cometidos pela empreiteira só tiveram fim quando o então presidente do grupo, Marcelo Odebrecht, foi preso, em junho de 2015. Naquele momento, Emílio substituiu temporariamente o filho no comando do grupo e teria ordenado que pagamentos de propina e caixa dois fossem interrompidos. “Daí para frente terminou o caixa dois, zerava, os compromissos que existiam morreram, [a ordem era] desfazer tudo, não existe mais”, afirmou.
Um dos exemplos usados por Emílio Odebrecht foi um caso envolvendo Duda Mendonça. A empreiteira se comprometeu a saldar uma dívida com o publicitário referente a três campanhas eleitorais. Para isso, ficou acertada a compra de um terreno de posse de Mendonça com valor superfaturado. O pagamento acabou suspenso antes que o valor total fosse quitado e o publicitário acabou ficando com a posse do terreno, que ainda estava em seu nome, e com o montante já desembolsado pela empresa.
A determinação de Emílio Odebrecht, no entanto, não teria cessado totalmente os pagamentos de propina. De acordo com a Folha, o ex-presidente da Odebrecht Ambiental, Fernando Reis, revelou em sua delação que repasses de propina ao ex-presidente da Petrobras e do Banco do Brasil Ademir Bendine foram feitos mesmo após a prisão de Marcelo Odebrecht. O acordo teria sido selado antes da detenção do empresário e, mesmo após seu afastamento do grupo, foi quitado em três parcelas que totalizaram R$ 3 milhões.