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"Brasil tem apostado na diplomacia", analisa Guilherme Casarões sobre a Venezuela

O cientista político elogiou a postura do presidente Lula em lidar com a situação 

(Foto: Divulgação/ RedetV!)

O professor da FGV EAESP e professor visitante da Universidade Brown, nos EUA, Guilherme Casarões, concorda com a posição adotada pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), em relação às eleições da Venezuela

Desde o pleito no país, o governo brasileiro revelou que só reconhecerá a vitória de Nicolas Maduro quando forem tornadas públicas as atas. Para Casarões, a posição do Brasil é cautelosa e que Lula está conduzindo de forma neutra. “O Brasil tem apostado na diplomacia e em uma expectativa de se manter como interlocutor tanto do governo quanto da oposição, porque a gente não sabe o que vai acontecer na Venezuela”, disse em entrevista ao “É Notícia”, desta quinta-feira (8). 

O cientista político aponta que independentemente do cenário, é importante que o Brasil mantenha uma boa relação com o governo venezuelano, favorecendo seus interesses frente a instabilidade da América do Sul. “As pessoas pensam que a relação do Brasil com a Venezuela é ideológica (…) Brasil não pode fingir que a Venezuela não existe! Tem uma questão maior, para o Brasil o que interessa mais é manter a America do Sul estável”, afirma. 

A diplomacia brasileira foi apontada por Casarões como essencial, por existir um dilema em manter uma estabilidade e ter uma boa relação com Maduro, não deixando de defender a democracia.

A falta de confirmação da vitória de Maduro tem criado preocupação devido à defesa da democracia. Na última segunda-feira (5), o Departamento de Estado dos Estados Unidos revelou que está em contato com o Brasil, México e Colômbia. Para o cientista, é interessante para o governo brasileiro manter a harmonia na América do Sul, evitando que o conflito tenha expansão geopolítica. 

Nas eleições presidenciais dos Estados Unidos, Casarões analisou a possível vitória de Kamala Harris. Com cautela, o especialista afirmou que a democrata tem mais chances de ganhar de Donald Trump do que Joe Biden tinha. “Biden estava em um processo de desgaste desde o debate”. 

O professor destacou o contraste que existe entre Kamala e Trump, ressaltando que a estratégia adotada pela extrema direita norte-americana é a de atacar. “Trump é uma máquina de ataque! (…) Trump nunca escondeu que é autoritário. No discurso dele, ele fala abertamente que no primeiro dia de mandato vai ser um ditador. E ele inumera, primeiro: fechar a fronteira americana para imigração, expulsar aqueles que estão ilegalmente, ele fala do maior projeto de deportação em massa. E a segunda coisa que ele vai fazer é perfurar poço de petróleo…”

Casarões acredita que a eleição de Trump é uma ameaça a agenda climática e a democracia, por isso, eleitoralmente é interessante que os democratas adotem a estratégia de pontuar que ele é louco, como um problema de caráter: “Trump is weird!” 

A possível vitória do ex-presidente é discutida pelo professor como um impacto a política no Brasil. “Se Trump ganha eleição, não sei se Bolsonaro continua inelegível”, afirma, destacando que o Tribunal Superior Eleitoral é mais móvel, e que nada garante que em 2026 serão as mesmas situações jurídicas que há hoje no país. 

Citando a extrema direita, Casarões comentou que não existe “Bolsonarismo” moderado e com a inelegibilidade de Jair Bolsonaro, Tarcísio de Freitas é o possível nome para concorrer a presidencial. “Tarcísio tem jogado com a radicalização. Ele começou com o Lula, no 8 de janeiro. Agora, tem se afastado, sobretudo na questão da segurança pública! Está jogando em um campo que ele domina. Isso o torna o candidato do bolsonarismo!”

 O professora ainda opinou que na próxima eleição, o PT tende a apostar em Lula ou Fernando Haddad.

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