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Bolsonaro fez do 7 de setembro um dia da ameaça de golpe, afirma Cláudio Couto

O cientista político da FGV EAESP é o convidado do “É Notícia”

(Foto: Reprodução É Notícia - RedeTV!)

No “É Notícia” desta quinta-feira (7), a comemoração do 7 de setembro foi tema da entrevista com o cientista político da FGV EAESP, Cláudio Couto.

Com slogan “Democracia, Soberania e União", o governo federal quer desvincular a ideia da celebração só dos militares. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva já havia destacado, na última terça-feira (5), que a data voltará a ser de todos os brasileiros. Ao comentar a fala de Lula, Couto destacou que nos últimos anos a Independência do Brasil foi usada para promoção do governo de Bolsonaro.

“Deixa de ser um 7 de setembro partidário, no sentido de que ele era apropriado pelo governo do momento e pelo presidente do momento [Jair Bolsonaro], como se fosse mais uma de suas propriedades. Talvez o mesmo tipo de confusão que ele faz com relógios, joias, e que ele faz como exército, quando se referia: ‘meu exército”, disse o professor.

Para o cientista político, o ex-presidente fez do 7 de setembro um dia de ameaça de golpe.

Cláudio Couto acredita que durante a gestão de Bolsonaro houve a formação de um governo militar, onde os militares fizeram sua volta ao centro da política em condições de democracia. Ele ressalta que as Forças Armadas não tiveram força suficiente para dar um golpe, mas que era um projeto do Exército.

“A eleição de Bolsonaro resulta do engajamento de uma série de membros das forças armadas (…) No fim, a gente tinha um governo militar se formando. Com milhares em cargos de natureza civil. Fora os ministros, a presença deles em lugares onde não haveria o menor sentido que estivesse, o pior deles foi na Saúde com o Pazuello”, destacou.

Ao ser questionado sobre os atos golpistas de 8 de janeiro, Cláudio classificou a data como o início do fechamento de um ciclo de ascensão da extrema-direita. Segundo ele, esse período começou em junho de 2013 com fim em janeiro de 2023.

Responsabilização de Bolsonaro

Os processos em andamento contra o ex-presidente Jair Bolsonaro também foi tema para a conversa entre o professor e o jornalista Kennedy Alencar.

Questionado sobre as possíveis punições que Bolsonaro deverá sofrer, Cláudio acredita na prisão do ex-presidente. “Eu acho que ele vai ser preso! Não antes da eleição municipal do ano que vem, porque não há tempo suficiente para que os processos tenham conclusão até eleição do ano que vem”, opinou.

Para o cientista político, a maior acusação contra Bolsonaro é sobre os ataques ao Estado Democrático de Direito.

Prisão de Lula

Na quarta-feira (6), o ministro Dias Toffoli do Supremo Tribunal Federal (STF) anulou as provas obtidas através do acordo de leniência da Odebrecht e dos sistemas de propina da empreiteira, que serviram de base para diversas acusações e processos na Operação Lava Jato.

Com a decisão, Toffoli afirmou que a prisão de Lula foi um dos piores erros do judiciário brasileiro. “A prisão do reclamante, Luiz Inácio Lula da Silva, até poder-se-ia chamar de um dos maiores erros judiciários da história do país. Mas, na verdade, foi muito pior”.

A fala do ministro foi classificada pelo professor como tardia.

“Reconhecimento tardio por parte de um juiz do STF dos erros que foram cometidos”, comentou.

Cláudio ainda completou dizendo que o erro também faz parte das decisões do STF. “Me parece que em toda essa discussão do Toffoli só falta uma autocrítica do próprio STF, mas talvez ela esteja ali no subtexto: 'o maior erro da nossa história’ é também um erro do STF”.

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