Advogado de hacker diz que há como provar encontro com Bolsonaro, mas não o conteúdo da conversa
Walter Delgatti Neto presta depoimento na PF, em Brasília, nesta sexta-feira (18) após declarações na CPMI dos Atos Golpistas
(Foto: Agência Brasil - Walter Delgatti Neto na CPMI)
O advogado responsável pela defesa do hacker Walter Delgatti Neto, Ariovaldo Moreira, disse nesta sexta-feira (18) que é possível provar o encontro entre Neto e o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) no Palácio da Alvorada, em 2022, mas impossível provar o conteúdo da conversa que tiveram.
A declaração do advogado aconteceu no momento em que ele chegava à sede da Polícia Federal, em Brasília, onde Delgatti foi convocado para prestar depoimento após sua participação na Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) dos Atos Golpistas.
Em seu depoimento na CPMI nesta quinta-feira (17), o hacker Walter Delgatti Neto afirmou que o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) lhe prometeu um indulto, caso fosse preso ou condenado por sua atuação envolvendo as urnas eletrônicas.
"Sim, recebi. Inclusive, a ideia ali era que eu receberia um indulto do presidente. Ele havia concedido um indulto a um deputado federal. E como eu estava com o processo da Spoofing à época, e com as cautelares que me proibiam de acessar a internet e trabalhar, eu visava a esse indulto. E foi oferecido no dia”, disse o hacker.
Segundo Walter, a promessa aconteceu durante uma reunião justamente no Palácio da Alvorada, quando as eleições de 2022 estavam se aproximando.
"Apareceu a oportunidade da deputada Carla Zambelli, de um encontro com o Bolsonaro, que foi no ano de 2022, antes da campanha. Ele queria que eu autenticasse... autenticasse a lisura das eleições, das urnas. E por ser o presidente da República, eu acabei indo ao encontro. [...] Lembrando que eu estava desemparado, sem emprego, e ofereceram um emprego a mim. Por isso que eu fui até eles.”, explicou Walter.
O ex-presidente Bolsonaro, por outro lado, confirmou em nota divulgada por sua defesa que o encontro no Alvorada de fato aconteceu, mas negou o teor da conversa.
"Considerando as informações prestadas publicamente pelo depoente Sr. Walter Delgatti Neto perante a Comissão Parlamentar Mista de Inquérito na presente data, a defesa do ex-Presidente Jair Messias Bolsonaro, informa que adotará as medidas judiciais cabíveis em face do depoente, que apresentou informações e alegações falsas, totalmente desprovidas de qualquer tipo de prova, inclusive cometendo, em tese, o crime de calúnia”, diz uma parte da nota.
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