Vacina russa precisa de 'avaliação rigorosa', diz OMS
Organização já conversa com país para garantir o "selo de qualidade" na vacina
O porta-voz da Organização Mundial da Saúde (OMS), Tarik Jasarevic, afirmou nesta terça-feira (11) que a vacina contra o novo coronavírus registrada pela Rússia ainda precisa ser submetida a uma avaliação “rigorosa” para comprovar sua eficácia.
O país é o primeiro no mundo a autorizar a aplicação de uma vacina para o Sars-CoV-2, embora o medicamento ainda não tenha passado pela terceira e última fase de estudos clínicos, quando se analisa sua eficácia para imunizar seres humanos.
“Estamos em contato estreito com as autoridades sanitárias da Rússia, e estão em curso discussões referentes a uma possível pré-qualificação da vacina pela OMS”, declarou Jasarevic a jornalistas em Genebra, onde fica a sede da entidade. A pré-qualificação seria uma espécie de selo de qualidade da organização.
Segundo o porta-voz, isso só acontecerá após uma “revisão rigorosa de todos os dados de segurança e eficácia reunidos durante os estudos clínicos”.
A candidata recebeu o nome de Sputnik V (em referência ao primeiro satélite artificial da Terra) e foi desenvolvida pelo Instituto Gamaleya de Pesquisa em Epidemiologia e Microbiologia, em parceria com os ministérios da Saúde e da Defesa.
A terceira e última fase de testes começará nesta semana, mas o presidente Vladimir Putin garantiu que o medicamento oferece “imunidade sustentável” contra o Sars-CoV-2. “Uma das minhas filhas tomou essa vacina”, disse o mandatário, explicando que ela chegou a ter uma “leve febre” após a segunda dose, mas agora “se sente bem e tem um alto número de anticorpos”.
O governo da Rússia pretende iniciar a produção em massa nas próximas semanas. O processo normal de aprovação é feito em três fases de estudos clínicos, mas, por conta da urgência provocada pela pandemia, pesquisadores no mundo inteiro estão fazendo mais de uma etapa ao mesmo tempo.
A primeira e a segunda fases analisam, respectivamente, a segurança da vacina – como possíveis efeitos colaterais – e a capacidade de produzir uma reação do sistema imunológico. As candidatas mais avançadas, como a de Oxford, estão na terceira etapa, que costuma durar cerca de um ano.
Essa fase é a mais importante, já que prevê testagem ampla em humanos para descobrir se a imunização gerada pela candidata é realmente capaz de proteger contra a doença e por quanto tempo.
Segundo o governo da Rússia, 20 países já fizeram pedidos preliminares para comprar um total de 1 bilhão de doses da nova vacina.
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