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Por que vão lançar a nova cédula de R$ 200? Entenda

Saiba os motivos e as consequências da criação da nova cédula

(Foto: Divulgação/Banco Central)

A nova cédula de R$ 200 começou a circular no Brasil nesta quarta-feira (02) e ao longo do ano 450 milhões de notas devem ser produzidas. O animal escolhido para ilustrar é o lobo-guará. Mas você conhece os motivos e as consequências dessa medida? O Portal da RedeTV! entrevistou dois economistas para esclarecer o assunto.

Na live de lançamento, o Banco Central explicou que com a pandemia do novo coronavírus (covid-19) houve um salto nos saques. Em março, a quantidade de dinheiro vivo com a população era de aproximadamente R$ 216 bilhões. Após esse mês, o montante começou a subir e hoje está em R$ 277 bilhões. 

“O dinheiro está circulando menos. Além disso, muita gente está sacando o dinheiro do auxílio emergencial e guardando em casa. Então, o Banco Central provavelmente enxergou uma certa falta de dinheiro em circulação e resolveu soltar essa nota”, explicou Mauro Rodrigues, professor de economia da USP e economista do site porque.com.br.

“Não sabemos por quanto tempo os efeitos do entesouramento trazidos pela pandemia podem perdurar. Como o dinheiro ainda é base de nossas transações, entendemos que o momento é oportuno para o lançamento da nova cédula”, afirmou a Diretora de Administração do Banco Central, Carolina Barros.

O órgão também disse que os dinheiros dos auxílios emergenciais não retornaram para o mercado tão rapidamente. “Essa tendência das pessoas segurarem dinheiro em casa é mundial, não é só aqui. Nos EUA, por exemplo, há relatos de falta de moeda para troco”, contou o economista Mauro Rodrigues.

A necessidade da criação da nova cédula pode ser um sinal de alerta segundo o advogado e economista Alessandro Anzzoni. “Isso pode ser o primeiro sinal de que o real perdeu seu poder de compra. Ou seja, aquela nota de R$ 100 perdeu a sua significância. Não nesse governo, mas de 94 para cá”, disse.

Pontos positivos e negativos

Uma questão é: Por que lançar uma nota grande e não imprimir mais cédulas das menores? Os especialistas pontuam que a cédula facilita a movimentação de dinheiro entre bancos e as pessoas precisariam carregar menos dinheiro para fazer transações.

“Acredito que seja uma questão de logística bancaria. O carro-forte tem que abastecer as agências. Ele tem que levar uma quantidade absurda de notas para suprir os bancos. Uma nota maior facilitar esse transporte”, disse Alessandro Anzzoni.

Outro ponto positivo seria a vantagem do custo. “Suponha que você quer lançar R$ 200 em dinheiro na economia, é muito mais barato produzir uma nota de R$ 200 do que 10 cédulas de R$ 20”, exemplificou Mauro Rodrigues.

Em contrapartida, ainda não há uma certeza de que a nova cédula terá uma grande circulação, já que as pessoas cada vez menos usam dinheiro vivo por conta das inovações financeiras. Além disso, segundo os especialistas, o risco de falsificação aumenta e facilita atividades ilegais.

“Quem precisa fazer um pagamento na ilegalidade tem que muitas vezes usar dinheiro vivo. Você diminui muito o custo de fazer essas transações porque precisa carregar metade das malas de dinheiro de antes”, disse Mauro.

Vai desvalorizar a nossa moeda?

O economista Alessandro Anzzoni explica que o Brasil recorreu a impressão de dinheiro para quitar dívidas em diversos momentos, principalmente durante o governo Sarney (1985-1990): “O governo Sarney emitia moeda como se fosse uma fábrica de dinheiro para o governo. Eles compravam títulos e fabricavam dinheiro para pagar. Isso desestabiliza a economia completamente”.

Isso não deve acontecer agora. O Banco Central informou que a nova cédula não vai aumentar a quantia de dinheiro em circulação. “Não deve haver uma expansão monetária. A quantidade de reais que tem no mercado não deve mudar. Isso vai evitar uma desvalorização maior da moeda”, explicou Alessandro.

De acordo com o economista Mauro Rodrigues, o valor da moeda depende da taxa de inflação. “Temos um passado meio conturbado com isso, com trocas de moedas e introdução de notas novas o tempo todo no período pré-real. Mas a circunstância de hoje é muito diferente”, analisou.

Escolha da nota

De acordo com o Banco Central, em 2001 foi realizada pesquisa para escolha de espécimes da fauna brasileira para servir de modelo em notas de reais. Os dois animais mais votados foram a tartaruga marinha e o mico-leão-dourado, que foram utilizados, respectivamente, nas cédulas de R$ 2,00 e de R$ 20,00  e o terceiro, lobo-guará, será estampado na nova cédula. 

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