Conheça o PIX, nova tecnologia do Banco Central para pagamentos e transferências
Sistema gratuito promete substituir os atuais DOC e TED
(Foto: Arquivo/Agência Brasil)
O Banco Central (BC) libera nesta segunda-feira (5) a autorização para que bancos e instituições financeiras iniciem o processo de cadastro dos usuários no novo sistema de pagamentos e transferências de valores do órgão, o PIX.
A nova tecnologia, que será gratuita para pessoas físicas e terá custo menor para as empresas, promete substituir as duas opções existentes para transferências entre bancos diferentes, o Documento de Ordem de Crédito (DOC) e a Transferência Eletrônica Disponível (TED), além do boleto bancário.
Com as tecnologias atuais, são cobradas taxas dos clientes, os valores variam de uma instituição financeira para outra, mas, em média, têm custos acima de R$ 10,00 por operação para os correntistas, além de só poderem ser efetuadas dentro do horário comercial e terem períodos que podem levar até um dia útil entre a solicitação e a efetivação da operação. Com o novo sistema, este intervalo será reduzido para até 10 segundos.
De acordo com o BC, o PIX terá custo zero para os clientes pessoas físicas e uma taxa de R$ 0,01 a cada dez operações para as instituições financeiras, o que diminuirá bastante os custos para as pessoas jurídicas que receberem pagamentos com essa nova tecnologia.
Além das transferências facilitadas, o PIX também promete substituir boletos bancários, já que os comerciantes poderão disponibilizá-lo como opção de pagamento em lojas físicas e virtuais por meio da tecnologia QR Code, que poderá ser escaneado pela câmera do celular e permitirá uma transferência instantânea para a conta do lojista.
Chave PIX
Para poder estar dentro do novo sistema, o cliente deverá entrar em contato com seu banco ou instituição financeira e solicitar a geração de sua chave PIX. Em entrevista ao Portal da RedeTV!, o professor de administração de empresas da Universidade Presbiteriana Mackenzie, José Mauro Ferraz, explica que essa chave é o identificador do cliente dentro da estrutura.
“Essa chave indica para onde o dinheiro vai. A chave é um identificador da sua conta, que representa o endereço dela no PIX”, descreve o professor. “Por exemplo, hoje, você precisa passar agência e conta, agora vai ser só o número da chave”, completa.
José Mauro também relembra que o cliente terá diversas opções de dados que poderá escolher para cadastrar como seu identificador: “Você como alternativa o CPF - para pessoas físicas -, CNPJ - para empresas -, e-mail, número de telefone e tem até a possibilidade de você ter uma chave aleatória”.
Revolução
Consultado pela nossa reportagem, o professor rede IBE, Conveniada da Fundação Getúlio Vargas (FGV), Victor Corazza, definiu a chegada do PIX ao mercado como uma “revolução nos meios de pagamento”. Segundo ele, o mercado e os clientes passavam por uma espécie de “dor”, que promete ser resolvida por meio dessa nova solução.
“O que o Banco Central possibilita com o PIX é vivermos em um mundo financeiro em que ‘todo mundo tenha conta no mesmo banco’, mesmo se for em outra instituição financeira”, disse o professor. “Fazer transações aos finais de semana também será possível, uma vez que o PIX funciona 24 horas por dia”, complementa.
Menos Burocracia
Além da redução de custos, o novo sistema também promete ser mais seguro e menos burocrático, já que uma pessoa terá que fornecer uma menor quantidade de dados pessoais para poder receber um pagamento. O que, segundo Corazza, está em concordância com a nova Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD), que entrou em vigor no último dia 18 de setembro.
“Sabe aquela outra dor de nos esquecermos de perguntar ‘banco, agência, conta e CPF’? Pois é. Também não existe mais. Poderemos informar apenas o CPF ou o número de telefone da pessoa para quem vamos enviar o dinheiro e transferência feita”, descreve o professor.
Segundo ele, essa lógica é exatamente o que a nova lei busca trazer para o cidadão: “Hoje, a lógica é que seu dado é público e, a não ser que você diga que não quer, pode ser usado pelas empresas como elas quiserem, incluindo os bancos. Com a LGPD, essa lógica inverte e você escolhe o que você quer passar ou não. Com o PIX, vai ser a mesma coisa”, explica.
Clientes ganham com competição
Com a infraestrutura atual, somente bancos comerciais e digitais (fintechs) possuem a prerrogativa de realizar movimentações financeiras. Com a chegada do PIX, esse cenário promete mudar já que os aplicativos de pagamento também poderão operar no novo sistema.
Atualmente, mais de 932 instituições financeiras de diversas naturezas em processo de adesão ao sistema, o que é visto com bons olhos pelos especialistas.
“Eu vejo como um movimento do Banco Central e do mercado que é prejudicial para as instituições financeiras tradicionais, o que eu acho que é bom para o consumidor no geral”, afirma o professor Mauro. “Você vai deixar de ficar dependente exclusivamente desse universo e não é só no PIX, vejo isso também na área de investimentos e é uma tendência de evolução do nosso sistema financeiro”, completa.
Já para o professor Corazza, o aumento da concorrência deve trazer vantagens ao consumidor: “Uma nova pulguinha passa a morar na orelha dos grandes bancos. Novas fintechs devem surgir aos montes com esta nova onda de modernidade e eficiência, o que significa mais concorrência em meios de pagamento. E nesta guerra, quem ganha é consumidor”.
Confira nossa edição do RedeTV! Explica sobre o PIX:
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