Resfriado comum pode dar imunidade à Covid-19, diz estudo
Sangue de alguns voluntários coletado antes de 2019 tinha células que atacavam o novo coronavírus
Pessoas que nunca foram infectadas podem possuir imunidade contra o Sars-CoV-2, que causa a Covid-19, caso já tenham sido infectadas por outros tipos de coronavírus — que nunca foram monitorados em escala global, por serem patógenos que só causam resfriados comuns. A descoberta foi relatada em estudo publicado nesta terça-feira (4), na revista "Science".
O trabalho foi elaborado por um grupo americano de pesquisa e liderado pelo biólogo colombiano José Mateus, do Instituto de Imunologia de La Jolla, na Califórnia (EUA). Amostras de sangue coletadas antes de 2019, quando o Sars-CoV-2 ainda não estava circulando, foram capazes de reagir contra este vírus.
Porém, o tipo de resposta imune contra o patógeno não foi do tipo humoral, ou seja, na qual anticorpos (moléculas de ataque) abordam o patógeno. Como cientistas já desconfiavam, ocorreu resposta de tipo celular, na qual linfócitos T, uma classe específica de células do sistema, atacam outras células infectadas.
Testes específicos apontaram que o mesmo mecanismo de ataque que já existe em algumas pessoas contra o Sars-CoV-2 se aplicava aos outros coronavírus de resfriado, especificamente os vírus OC43, 229E, NL63 e HKU1.
Infecção prévia não garante imunidade
O estudo não significa que todas as pessoas que já tiveram um resfriado comum passem a estar protegidas contra a Covid-19, mas pode ajudar a entender melhor o novo coronavírus. da epidemia.
Segundo os pesquisadores, a "memória" imune gerada por essas células pode ajudar a explicar por que o impacto da doença varia mesmo entre pacientes com mesma faixa etária e perfil. "A variedade de memórias de células T aos coronavírus que causam o resfriado comum pode estar por trás de pelo menos parte da heterogeneidade observada na Covid-19", escreveram os cientistas.
Estudos feitos anteriormente estimaram que a quantidade de pessoas que podem ter algum tipo de imunidade celular contra o Sars-CoV-2 varia entre 20% e 50% da população geral, dependendo da localidade geográfica.
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