Covid-19: pesquisas mostram aumento de transtornos mentais durante pandemia
Pessoas com doenças mentais devem ter acesso antecipado as vacinas, segundo estudo divulgado na revista The Lancet Psychiatry
(Foto: Isabelle Castelo/REDETV!)
Por conta da implementação do isolamento social imposto a fim de evitar a disseminação da Covid-19, muitas pessoas tiveram que se adaptar com a nova rotina do trabalho à distância. O home office, como é popularmente conhecido, e as incertezas em relação ao novo vírus, contribuíram, gradativamente, para que as doenças mentais virassem realidade na vida da população mundial.
De acordo com pesquisas realizadas pela revista médica britânica The BMJ, nos Estados Unidos, uma em cada cinco pessoas com Covid-19 receberam diagnóstico psiquiátrico no três meses seguintes à infecção.
Em estudo recente realizado no Brasil e na Espanha, a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) afirmou que “sintomas de ansiedade e depressão afetam 47,3% dos trabalhadores de serviços essenciais durante a pandemia de Covid-19. Ainda segundo a pesquisa, 27,4% do total de entrevistados sofre de ansiedade e depressão ao mesmo tempo. Além disso, 44,3% faz uso abusivo de bebidas alcoólicas; 42,9% sofreram mudanças nos hábitos de sono; e, por fim, 30,9% foram diagnosticados ou se trataram de doenças mentais no ano anterior a pesquisa.
Em fórum oficial que contou com a presença dos principais líderes de opinião na medicina, a revista científica The Lancet Psychiatry afirmou que pacientes com diagnóstico recente de transtorno mental e infecção por Covid-19 apresentam taxa de mortalidade de 8,5%. Eles acreditam que este fato por si só é um dos principais motivos para priorizar ativamente a vacinação de pessoas com doenças mentais em todo o mundo.
Em entrevista ao Portal da RedeTV!, a professora Maria Rita Zoéga Soares, titular do programa de pós-graduação em análise do comportamento da Universidade Estadual de Londrina (UEL), contou que observou um aumento considerável nos sintomas de estresse, ansiedade, depressão, medo e síndrome de esgotamento emocional (Burnout). Ela acredita ainda que essa elevação pode estar relacionada a diversas causas, entre elas, a ação direta do vírus da Covid-19 no sistema nervoso central, as experiências traumáticas associadas à infeção ou à morte de pessoas próximas, além do estresse induzido pela mudança na rotina devido às medidas de distanciamento social.
“Esses cenários não são independentes. Ou seja, uma pessoa pode ter sido exposta a várias destas situações ao mesmo tempo, o que eleva o risco para desenvolver ou para agravar transtornos mentais já existentes”, explicou Maria.
Projetos sociais prestam ajuda
A fim de diminuir os danos de quem sofre com algum tipo de transtorno psicológico, o projeto “Help”, que apoia e acolhe pessoas que enfrentam problemas de ordem de saúde mental, tem prestado ajuda e realizado ações em todo o país.
Em entrevista, Cadu Souza, coordenador do projeto, explica que a iniciativa promove uma ação em especial intitulada “cantinho do desabafo", onde os voluntários se prontificam a ouvir e ajudar quem está vivendo um momento psicológico difícil.
“Temos em nossa equipe psicólogos, voluntários, que, inclusive, já venceram transtornos, e hoje, além da parte motivacional, também prestam gratuitamente apoio profissional. A grande maioria dos voluntários são pessoas que venceram e motivam os outros a vencerem também,” afirmou Cadu.
A jovem Luiza, de 22 anos, conta que conseguiu recomeçar e "resistir todas a vozes que vinham na minha cabeça dizendo para acabar com tudo" através da ação.
“Conheci uma galera que me mostrou um jeito novo de olhar a vida. [Eles] me ajudaram a ver que não era só esse caminho que eu tinha para escolher, e sabe o que eu fiz? Dei uma chance pra mim", contou Luiza.
Para receber auxílio do projeto, basta adicionar o número de WhatsApp (11) 4200-0034, ou entrar em contato através do do perfil no Instagram: @help.fju.
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