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Covid-19: aulas com presença intercalada elevam risco de contágio

Possiblidade de infecção pode aumentar até 270%, diz pesquisa

(Foto: Marcello Casal Jr/Agência Brasil)

A volta às aulas com presença intercalada de estudantes eleva em até 270% o risco de contágio pelo novo coronavírus nas escolas, considerando 80 dias de funcionamento. A análise foi feita usando modelos matemáticos em escolas do município alagoano de Maragogi, que tem 33 mil habitantes. Por outro lado, um cenário que simula imunização de profissionais, testagem, monitoramento e fechamentos intermitentes mostrou queda da alta de contágio para 18%.

Os pesquisadores fazem parte do projeto ModCovid19, apoiado pelo Centro de Ciências Matemáticas Aplicadas à Indústria (CeMEAI), da Universidade de São Paulo (USP) e selecionado pelo Instituto Serrapilheira em uma chamada de projetos emergenciais para análise da crise sanitária da covid-19. O estudo foi coordenado por Claudio Struchiner, da Fundação Getulio Vargas (FGV) eda Universidade Estadual do Rio de Janeiro (UERJ) e Tiago Pereira, da USP São Carlos.

“Se tem uma criança infectada, como as escolas tendem a ser ambientes fechados, há muita dispersão do vírus ali”, diz Tiago Pereira. O pesquisador explica que o protocolo, feito em parceria com a Universidade Federal de Alagoas (Ufal), deve ser implementado em Maragogi com o envolvimento da prefeitura. Para chegar aos resultados, a pesquisa usou dados demográficos, socioeconômicos e epidemiológicos de Maragogi e definiu quatro cenários possíveis.

O primeiro cenário é o das escolas fechadas e o segundo, o da reabertura, com turmas e horários reduzidos (turno de duas horas, turmas separadas em dois grupos e aulas presenciais em dias intercalados). No terceiro, haveria reabertura reduzida, com funcionários imunizados, mas mantendo as condições do segundo cenário.

No quarto cenário, a reabertura seria reduzida, com monitoramentos e fechamentos temporários: turno de duas horas, turmas separadas em dois grupos, com aulas presenciais em dias intercalados. Além disso, os estudantes seriam testados e isolados (14 dias), quando sintomáticos, ou quando familiar for confirmado positivo. Se o estudante for confirmado positivo, todo o grupo é suspenso por 14 dias e, se mais de um grupo apresentar alunos com resultado positivo, a escola é fechada por sete dias.

O quarto protocolo foi o que se mostrou mais seguro, com aumento de 18% de casos na comunidade escolar e de 3% na cidade como um todo. “O custo da testagem é relativamente alto – cada teste de antígeno custa em torno de R$ 25 –, porém, o custo de três vezes mais crianças infectadas, não só crianças, mas pais infectados, é muito maior. O teste, na verdade, é barato”, afirma o pesquisador.

Pereira destaca que a imunização entre os profissionais também se mostrou efetiva. “Imunizar os funcionários diminui pela metade a infecção. É muito bom, mas não é suficiente para conter com respeito à escola fechada”, acrescenta.

De acordo com a pesquisa, no terceiro cenário, o contágio pode aumentar em 178% o risco de covid-19 na população escolar.

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