Brasil tem cerca de 200 voluntários dispostos a se infectar com coronavírus em testes de vacina
Plataforma internacional recebe cadastros de pessoas que se declaram interessadas em contribuir com a cura para o novo coronavírus
O Brasil tem aproximadamente 200 voluntários cadastrados em uma plataforma internacional que convoca pessoas dispostas a se infectar com o novo coronavírus de propósito em testes múltiplos de vacinas. A iniciativa, batizada de 1 Day Sooner, registra 3,9 mil inscritos de 52 países até esta segunda-feira (27). Segundo os organizadores, 182 eram brasileiros.
A '1 Day Sooner' tem como objetivo consegur ter à disposição candidatos para testar diversos tipos de vacinas ao mesmo tempo - o que é capaz de antecipar algumas etapas tradicionais para chegar a um resultado. De acordo com um balanço da Organização Mundial de Saúde (OMS), com dados até 20 de abril, há 76 vacinas contra a Covid-19 sendo desenvolvidas, 71 em estágio pré-clínico e 5 em fase clínica.
Para o desenvolvimento de qualquer tipo de vacina, cientistas precisam percorrer diversas etapas. Entre elas, está a pesquisa básica – que é o levantamento do tipo de vacina que pode ser feita. Em seguida, são feitos testes pré-clínicos, que podem ser in vitro ou em animais e que servem para garantir a segurança do produto. Após isso, há os ensaios clínicos, que ainda podem se desdobrar em mais quatro fases. O teste em humanos é, justamente, uma das mais demoradas.
Testes múltiplos podem acelerar vacina
Pesquisadores dos Estados Unidos e da Inglaterra publicaram um estudo científico no “Journal of Infectious Diseases”, no dia 31 de março, defendendo a tese de testes múltiplos em voluntários para acelerar a produção da vacina contra Covid-19. “Esses ensaios podem subtrair muitos meses do processo de licenciamento, disponibilizando vacinas eficazes mais rapidamente”, argumentam no artigo.
Os cientistam ainda avaliam que os riscos de infectar voluntários com Covid-19 seriam amenizados se os testes forem feitos em pessoas que não estão em grupos de risco.
“Obviamente, ao desafiar voluntários com esse vírus, corre-se o risco de causar doenças graves e possivelmente até a morte. No entanto, argumentamos que tais estudos, ao acelerar a avaliação da vacina, poderiam reduzir o número global de mortalidade relacionadas ao coronavírus (...) o risco pode ser aceitável se forem feitos testes em adultos jovens e saudáveis, com risco relativamente baixo de doenças graves após infecção natural e se, durante o desafio, eles receberem monitoramento frequente e, após qualquer infecção, os melhores cuidados disponíveis”, afirmam.
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