Testemunha afirma que vereador e miliciano estão envolvidos na morte de Marielle Franco
(Foto: Reprodução/Instagram)
Uma testemunha que trabalhou para um grupo de paramilitares do Rio de Janeiro contou à polícia que o vereador Marcello Siciliano (PHS) e o ex-PM Orlando Oliveira de Araújo – preso acusado de chefiar uma milícia – queriam a morte da vereadora Marielle Franco (PSOL). De acordo com informações do jornal O Globo, o homem procurou as autoridades em troca de proteção.
Segundo informações obtidas pelo jornal, o homem deu três depoimentos à Divisão de Homicídios (DH) da Polícia Civil, nos quais falou sobre datas, horários e até mesmo locais de reuniões sobre o vereador e o miliciano, que teriam começado a acontecer em junho do ano passado.
A testemunha contou ter presenciado ao menos quatro conversas entre o polícia e o ex-policia, que ainda chefia uma milícia na zona oeste. Ele entregou ainda o nome de quatro homens que teriam sido escolhidos para cometer o crime e que agora estão sendo investigados pela polícia. Uma das conversas teria acontecido em junho do ano passado em um restaurante.
“Eu estava numa mesa, a uma distância de pouco mais de um metro dos dois. Eles estavam sentados numa mesa ao lado. O vereador falou alto: “Tem que ver a situação da Marielle. A mulher está me atrapalhando”. Depois, bateu forte com a mão na mesa e gritou: “Marielle, piranha do Freixo”. Depois, olhando para o ex-PM, disse: “Precisamos resolver isso logo””, contou a testemunha, referindo-se a um menção feita ao deputado estadual Marcelo Freixo (PSOL), de quem Marielle foi assessora durante a CPI das Milícias, na Assembleia Legislativa do Rio.
Procurado pela reportagem do jornal, Siciliano negou conhecer Orlando e afirmou que se trata de uma “notícia totalmente mentirosa”.
O caso
Marielle foi morta após participar um evento que reunia jovens negras, na Lapa, no centro do Rio, na noite de 14 de março. Ela estava com a assessora e o motorista do carro, Anderson Pedro Gomes, que também faleceu, quando o veículo foi emparelhado foi outro e alvejado por ao menos 13 tiros.
A vereadora foi atingida por quatro tiros na cabeça. Anderson, que era casado e tinha um filho pequeno, recebeu pelo menos três disparos nas costas. A assessora acabou atingida por estilhaços e não sofreu ferimentos mais graves.
A perícia apontou que todos os disparos foram efetuados por arma de calibre 9 mm e que a munição utilizada fazia parte de lotes vendidos para a Polícia Federal. Nove cápsulas foram encontradas no local.
A polícia trabalha com a suspeita de execução e acredita que o veículo foi perseguido por cerca de 4 km. As autoridades ainda apuram se um segundo carro teria participado dos assassinatos.
Marielle, de 38 anos, era uma conhecida ativista do movimento negro, defensora de minorias sociais e crítica da violência policial no Rio, além de ter sido a quinta vereadora mais votada nas eleições de 2016. Desde 28 de fevereiro, ela atuava como relatora de uma comissão da Câmara dos Vereadores criada para fiscalizar a intervenção federal no Rio.
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