Perda de mercadorias ao trabalho no escuro: comércios com 72 horas de apagão relatam prejuízos
Com mais de 400 mil pessoas ainda sem energia, estabelecimentos estão no escuro e sem resposta
(Foto: Reprodução/ Redes Sociais)
A falta de energia após o temporal em São Paulo na última sexta-feira (3) afetou cerca de 2,1 milhões de pessoas. No entanto, o transtorno segue por mais de 72 horas para mais de 400 mil pessoas que estão no escuro, tanto em relação a falta de luz quanto pela falta de resposta das autoridades competentes.
O apagão que se estendeu até está segunda-feira (6) provocou prejuízo aos comerciantes que pretendiam lucrar no final de semana.
Com perda estimada em 20% da arrecadação mensal, o Instituto Baru que fica na Vila Indiana, Zona Oeste da capital, deixou de vender R$ 33 mil durante os quatro dias, segundo informou as associadas trabalhadoras Julia Pedote Lourenção e Maria Elisa Arruk.
“Somente esta perda inicial já representa 20% da nossa arrecadação mensal. Tivemos outras tantas perdas imateriais, do estresse e sobrecarga causados, o trabalho no escuro, as incertezas quanto ao retorno da luz e da internet”, destacou Julia.
(Foto: Reprodução/ Redes Sociais)
Mesmo sem luz, o Instituto conseguiu reabrir no domingo (5) devido uma força-tarefa de uma rede solidária, que auxiliou durante a crise do apagão disponibilizando duas baterias de carro emprestada para plugar ao nobreak, funcionando os caixas, além de conseguir caixas de isopor emprestadas para manter alguns produtos refrigerados.
“Abrimos a loja no domingo, com energia somente em dois caixas e uma maquininha de cartão funcionando. Os nossos produtos refrigerados estavam em isopores com gelo. Quando as baterias acabaram, na segunda às 12h, tivemos que fechar novamente as portas e registrar as ultimas compras em cadernos”, contou Maria Elisa.
Localizado na Avenida Corifeu, também na Vila Indiana, um estabelecimento que possui duas operações no mesmo local, durante o dia é uma padaria artesanal, Morgane Boulangerie, e a noite é o bar com pizzas, Galpãozin, estima que o prejuízo causado pela falta de energia chegue a R$ 100 mil.
“A gente ainda não detalhou, mas estimamos um prejuízo total de R$ 100 mil, entre mercadoria perdida, não faturamento de três dias que caíram bem no final de semana [dias de maior movimento na casa], aluguel, folha de pagamento, etc”, calcula Kenzo Onuki, sócio do empreendimento.
(Foto: Reprodução/ Redes Sociais)
Com comemorações de um ano do estabelecimento, Kenzo contou ao Portal da RedeTV! que devido a falta de energia tiveram que cancelar três eventos. O empresário revelou que tentaram ao longo dos últimos dias contato com a concessionário, mas sem retorno. “Tentamos diversas vezes contato com a ENEL, em nenhuma das tentativas por telefone fomos atendidos”, disse.
As associadas do Instituto Baru também comentam que ao tentar contato com a ENEL não obtiveram sucesso. “Na sexta-feira quando a energia começou a faltar o 0800 da ENEL estava desativado”, destacou.
O local tentou contanto direto com a assessoria de imprensa da empresa, que alegou "estariam fazendo tudo o que está ao alcance”. Julia e Maria ainda ressaltaram que pediram um posicionamento ao planejamento da empresa em relação a novas catástrofes e a resposta seria que pode acontecer novamente.
Contudo, em meio ao apagão, ações de solidariedade ajudaram os estabelecimentos a frear o prejuízo. Na empresa de Kenzo, os estoques frios foram estocados em uma câmara fria de um amigo. “Para evitar mais perdas um amigo nosso nos cedeu parte da sua câmara fria pra estocarmos nosso estoque frio, então fizemos uma força-tarefa no sábado de manhã para realocar tudo”, afirmou.
No Instituto, que funciona conectado a uma rede solidária, acionou os parceiros para estocar os produtos refrigerados e também contou com a ajuda dos consumidores, que para evitar perda foram até o local comprar os produtos. “Fornecedores e amigos que tinham energia elétrica ofereceram espaços dentro de seus freezers e geladeiras para receber parte de nosso estoque (…) Nas redes sociais, fomos comunicando nossa situação aos frequentadores e muitos se solidarizaram e ajudaram a divulgar nossa situação. Vieram comprar os produtos que estavam descongelando e com risco de perda, como frangos, peixes, queijos, tofus e mesmo verduras que já estavam sem refrigeração há um dia”, relembra Julia.
Maria Elisa destacou ainda que uma frequentadora emprestou uma picape para que transportar freezers para outro endereço com energia, no entanto, mesmo com essas estratégias ainda houveram prejuízos. “Nos primeiros dois dias praticamente ninguém ao nosso redor tinha energia, mas certamente nos ajudou a reduzir significativamente nossas perdas”, comenta.
Os dois estabelecimentos pretendem cobrar a concessionária a respeito do prejuízo causado, já que até as 17h desta segunda-feira a energia ainda faltava na região.
“Temos intenção de pedir ressarcimento, sim, mas precisaremos certamente de assessoria para isso. No momento, como a energia ainda não voltou e estamos bastante sobrecarregados, não estamos conseguindo fazer algo a esse respeito”, ressaltaram as associadas.
Para os afetados pela falta de energia, mesmo sem o apoio das autoridades responsáveis, o que ficou foi a ajuda dos parceiros que deram uma luz em meio ao apagão de São Paulo.
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