Mãe de Marielle Franco diz temer que mandante de crime seja conhecido da família
Marinete Silva, mãe da vereadora Marielle Franco, disse nesta segunda-feira (14) que espera que o assassinato da filha esteja perto de ser resolvido. Ela afirmou ainda que teme que o mandante da morte da vereadora seja conhecido da família. "O meu coração de mãe pede para que não seja ninguém que a gente conheça, pede que não seja ele. Se for, é uma traição".
A declaração de Marinete foi feita ao canal GloboNews, durante ato de integrantes da Anistia Internacional para cobrar respostas sobre o caso. Nesta segunda, os assassinatos de Marielle Franco e do motorista Anderson Gomes completam dois meses sem solução.
Em nota publicada no domingo (13), a diretora executiva da instituição no Brasil, Jurema Werneck, reforçou que as perguntas quem matou Marielle e Anderson e quem mandou matar não podem ficar sem respostas.
O comunicado traz também declarações da família de Marielle. A mãe da vereadora, Marinete Silva, agradece os esforços feitos até o momento na investigação, considerada séria, e destaca também a necessidade de continuar a cobrança por justiça.
Segundo a nota, a irmã de Marielle, Anielle Silva, também reafirma o compromisso de lutar pelo esclarecimento do assassinato. ”Enquanto tivermos forças exigeremos Justiça, e o faremos nas ruas e nos espaços públicos. A minha irmã era da resistência e é assim que nós seremos até o fim”.
Polícia ouvirá miliciano e vereador suspeitos
O delator do Caso Marielle apresentou um número de celular que já era investigado pela polícia. A informação foi divulgada no programa “Fantástico” no domingo (13). O vereador Marcello Siciliano (PHS) e o ex-PM Orlando de Oliveira Araújo, indicados como mandantes dos assassinatos da vereadora Marielle Franco (Psol) e do motorista Anderson Gomes, serão ouvidos pela polícia.
Áudios do parlamentar o mostraram conversando com miliciano em gravações feitas pela polícia. Na gravação, ele promete blitz da Polícia Militar para miliciano. “Uns bandidos lá mataram um amigo nosso. Você podia dar um toque no pessoal do 31 (31º Batalhão da PM) pra ficar de olho. Se botar uma blitz ali, vai pegar”, disse o miliciano. Na sequência, Siciliano garantiu que enviaria os policiais ao local. “Vou mandar botar agora. Na volta eu passo aí. Beijo”, respondeu.
Em outra conversa, o vereador pede ajuda para instalar um projeto social em uma área controlada por milicianos. “O garoto ia começar a fazer o projeto lá hoje, aí o rapaz falou: ‘Não, não vai fazer nada não’”, contou ao miliciano. Ao receber garantia de que teria a entrada liberada, Siciliano ainda perguntou: “Eu posso ir atrás lá da pessoa para resolver no teu nome?”. “Pode, vou te mandar o telefone aqui”, disse o miliciano.
Marcello Siciliano afirmou em nota que nunca teve envolvimento com milícias. Ressaltou que já foi investigado, mas não chegou a ser indiciado e se botou à disposição da polícia para quaisquer novos esclarecimentos.
Além de Marcello Siciliano, a testemunha apontou o ex-PM Orlando de Oliveira Araújo como o outro mandante do ataque contra Marielle. Segundo ele, dois policiais militares estavam no carro que perseguiu o veículo em que Marielle estava com o motorista e sua assessora, única sobrevivente do ataque.
Ao todo, a testemunha teria apresentado mais de 10 nomes. Entre os envolvidos estariam PMs da ativa e reformados. Os depoimentos foram dados entre 30 de abril e 4 de maio.
Na quinta-feira (10), o ministro da Segurança Pública, Raul Jungmann, afirmou que as investigações do caso estão perto do fim. "O que eu posso dizer é que esses e outros são investigados e que a investigação do caso Marielle está chegando à sua etapa final, e eu acredito que em breve nós devemos ter resultados”, garantiu.
Investigadores confirmam uso de submetralhadora
Após reconstituição dos assassinatos de Marielle e de Anderson Gomes, realizada entre a noite de quinta-feira (10) e a madrugada de sexta (11), os investigadores concluíram que apenas uma rajada de tiros de submetralhadora foi disparada contra o carro das vítimas.
De 23h às 4h25, peritos e testemunhas participaram da simulação do ataque a tiros contra as vítimas, reproduzindo detalhes do que a polícia acredita ter acontecido na noite de 14 de março, no bairro do Estádio, no Rio de Janeiro.
Para confirmar a hipótese de que os assassinos usaram uma submetralhadora MP5, da fabricante alemã HK, e que tratavam-se de criminosos com alto grau de habilidade com o equipamento, foram disparados tiros com os mesmos modelos de arma em seis momentos diferentes, entre 2h50 e 4h.
A assessora de Marielle, única sobrevivente do ataque, estava entre as testemunhas que participaram da reconstituição. Pessoas que estavam próximas ao local na noite do crime também fizeram parte da simulação.